São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Preocupada, China anuncia 2º corte da taxa no mês

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O Banco Central chinês anunciou ontem um novo corte de 0,27 pontos percentuais na taxa de juros. A taxa de empréstimos para um ano cai hoje de 6,93% para 6,66%.
É o segundo corte em menos de um mês, o que confirma a preocupação do governo chinês com a desaceleração de sua economia e com a crise global.
O corte anterior foi em 8 de outubro, no mesmo valor. Em setembro, logo após o colapso do banco Lehman Brothers, o BC chinês cortou 0,25 ponto.
"Reflete a preocupação do governo no esfriamento da economia e outros problemas domésticos, além do aprofundamento da crise de crédito mundial", disse a economista Tang Min, vice-secretária da Fundação de Pesquisa em Desenvolvimento da China, à agência estatal Xinhua.
O PIB chinês cresceu 9,9% entre janeiro e setembro deste ano em relação ao ano passado, 2,3 pontos percentuais a menos que no mesmo período de 2007. Por conta da menor demanda nos principais mercados da China (Europa e EUA) e da crise imobiliária, o PIB chinês cresceu 9% no último trimestre -pela primeira vez em cinco anos, ficou abaixo de 10%.
Projeções de bancos privados apontam que a economia chinesa crescerá 7,9% em 2009, o pior número desde 2000, ainda que seja a melhor das previsões de crescimento entre as maiores economias do mundo para o ano que vem.

Confiança em queda
Tang Min afirmou, ainda, que a medida também visa reconstruir a confiança do público, após sucessivas quedas nas bolsas de Xangai e Hong Kong, e na crise do setor imobiliário.
Em 2008, a Bolsa de Xangai chegou a cair 66%.
A crise afeta os três setores que mais geram empregos na China - campo, exportações e construção civil.
O Centro de Pesquisa em Desenvolvimento do Conselho de Estado prevê que a renda dos agricultores não cresça mais de 7% em 2008, dois pontos abaixo do objetivo do governo, graças à queda nos preços de produtos agrícolas.
Cerca de 10 mil fábricas têxteis e de brinquedos para exportação fecharam nos primeiros nove meses deste ano.
A venda de apartamentos caiu entre 50% e 60% nas três maiores cidades chinesas no primeiro semestre deste ano.
Na semana passada, a China anunciou uma série de políticas para reanimar a venda de imóveis, como a isenção de taxas e a redução de depósitos hipotecários. As novas medidas reduzem de 30% para 20% a exigência de depósito inicial para a obtenção de créditos hipotecários para quem quiser comprar o primeiro imóvel.
Os bancos só podem cobrar 70% da taxa de juros padrão nesses créditos. Quem comprar a primeira casa própria também tem o imposto de transação imobiliária reduzido dos 3% a 5% atuais a 1%, se o imóvel for menor que 90 m2.


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