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Leilão de rodovia de SP tem deságio de até 55%
Apesar de crise, consórcios arremataram os 5 lotes disponíveis, no total de 1.700 km; deságios no pedágio vão de 6% a 54,9%
Estado receberá, em 18 meses, R$ 3,4 bi em recursos oriundos do pagamento da outorga; em 30 anos, setor privado investirá R$ 8 bi
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo, mesmo diante de uma das maiores
crises de crédito das últimas
décadas, obteve sucesso no leilão de cinco lotes de rodovias
paulistas, na retomada do processo de concessão rodoviária
no Estado. Foram concedidos
1.700 quilômetros de rodovias
pedagiadas e outros 900 quilômetros de vicinais.
Com isso, o Estado receberá,
nos próximos 18 meses, R$ 3,4
bilhões em recursos oriundos
do pagamento da outorga e viabilizará investimentos privados de R$ 8 bilhões ao longo dos
30 anos de concessão.
O número de participantes
foi bem menor do que as 35 empresas que fizeram visitas técnicas aos corredores colocados
em leilão. Apenas nove empresas entregaram formalmente
propostas. A explicação para a
desistência de uma parte expressiva de interessados foi a
dificuldade de viabilizar a estrutura de financiamento num
momento de brutal retração no
sistema de crédito.
Mesmo alguns grupos que
venceram o leilão anunciaram,
durante o dia, que aguardam a
melhoria do mercado de crédito para concluir as operações financeiras definitivas. É o caso
da Odebrecht, que levou a D.
Pedro 1º em disputa solitária.
Segundo os investidores, as
perspectivas de retorno de longo prazo e as garantias jurídicas
para os contratos de concessão
superaram os problemas momentâneos para a estruturação
dos projetos. "Há uma segurança regulatória importante em
São Paulo que nos levou a fazer
essa aposta", disse Martus Tavares, presidente da BR Vias.
De acordo com os grupos que
venceram as concorrências,
quatro bancos privados (Itaú-BBA, Santander, Votorantim e
Banco Espírito Santo) aceitaram fechar operações de empréstimo-ponte para o pagamento da outorga e a execução
dos primeiros investimentos.
Mas, por enquanto, são os bancos estatais e instituições multilaterais que sustentaram o
leilão. Além do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), garantiram financiamentos para investimento o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e a CAF (Cooperação
Andina de Fomento) e o Banco
do Nordeste.
Mesmo diante da crise no sistema de crédito, a disputa, ainda que com número menor de
interessados, trouxe altos descontos. Os deságios sobre os
preços-teto fixados no leilão
variaram de 6,01% (o menor),
para o corredor D. Pedro 1º, a
54,9% (o maior), ofertado pela
concessão da rodovia Ayrton
Senna/Carvalho Pinto, dado
pelo grupo Triunfo. Outro desconto elevado foi oferecido pela
BRVias, que arrematou o trecho oeste da Marechal Rondon
depois de oferecer deságio de
40,6% -ou R$ 0,064099 por
quilômetro.
O consórcio Brasinfra, formado pela Cibe (Bertin e Equipav), a portuguesa Ascendi e o
grupo Leão & Leão, ganhou o
trecho leste da Marechal Rondon com tarifa de R$ 0,093774
por quilômetro (desconto de
13,09%). O último lote arrematado foi a Raposo Tavares. O
consórcio Invepar/OAS ofereceu deságio de 16,11% (preço de
R$ 0,090525 por quilômetro).
Ayrton Senna
A maior disputa no leilão
ocorreu na concessão da Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Segundo Carlo Battorelli, presidente da Triunfo -único a
apresentar proposta para todos
os cinco lotes-, a tarifa para a
rodovia será equivalente à cobrada na via Dutra.
"Achamos que os descontos
que oferecemos serão compensados com o aumento do tráfego que deverá migrar da Dutra
para a Ayrton Senna, uma estrada com melhores condições
de tráfego", avaliou. Segundo
ele, a estratégia poderá elevar o
fluxo em até 6.000 veículos por
dia. O grupo fechou operação
de crédito-ponte de R$ 200 milhões com o banco Votorantim.
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