São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Gerdau receita ao governo "corte de gastos inúteis"

Empresário defende menos gastos públicos para garantir crédito durante a crise

Gerdau diz que não tem operações com derivativos cambiais e que crise pode ser oportunidade para a empresa no exterior


MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Como uma empresa ou família trabalha numa crise? Fica ligeirinho para qualquer coisa. O governo tem de fazer isso também". O conselho é do empresário Jorge Gerdau, que vê no "corte de gastos inúteis do governo" a receita para aumentar o crédito, curto em tempos da crise.
Gerdau fez as declarações ontem, em São Paulo, após uma palestra sobre jovem empreendorismo, prática fomentada pela ONG Junior Achievement, patrocinada por sua empresa.
Gerdau defendeu a atuação do Banco Central brasileiro na crise atual ao comentar a retração do crédito no mercado internacional: "Eu acho que estão trabalhando bem. Mas, entre trabalhar bem e as coisas acontecerem no campo real, sempre existe uma dificuldade."
A realidade para o empresariado, segundo Gerdau, é a preocupação de que o governo interrompa investimentos. "Em época de crise o governo tem de investir mais ainda, porque investimento é o maior empregador que existe". Liquidez e investimento, aliás, foram as palavras mais citadas por ele.
"O dinheiro é o definidor do ritmo das coisas. Se nós tivermos capacidade de manter o fluxo financeiro via ações do Banco Central, nós vamos conseguir evitar que a crise atinja o país mais fortemente", disse.
Perguntado sobre se o superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida pública) deveria ser reduzido, replicou: "Eu diria o contrário. Os gastos de consumo do governo têm de diminuir para sobrar mais para investimento. Como a sociedade, as empresas trabalham? É cortando gastos inúteis."

Semana do silêncio
Gerdau, cuja empresa comprou siderúrgicas nos EUA recentemente com uma atuação agressiva de expansão no exterior, não quis comentar sobre os resultados de sua empresa: "Eu estou na minha semana do silêncio", afirmou Gerdau sobre o período anterior à divulgação do balanço trimestral.
A Gerdau tem forte atuação no mercado americano, epicentro da crise. A siderúrgica anunciou recentemente investimentos de peso na Argentina (US$ 524 milhões) e no Peru (US$ 1,4 bilhão).
Mesmo sem dar detalhes, Gerdau assegurou: "Nossa empresa não tem derivativos, nós não trabalhamos com isso".
Ele diz que não percebe um contágio da crise no setor de construção civil, um dos maiores consumidores do aço produzido pela Gerdau. "Os projetos lançados estão em andamento", disse. Mas lembrou: "A fotografia sairá mais tarde".
O empresário disse que a crise é um momento de oportunidade para a Gerdau. Oportunidades para a empresa no Brasil? "Eu acho que é mais para fora", respondeu, evasivo.


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