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Gerdau receita ao governo "corte de gastos inúteis"
Empresário defende menos gastos públicos para garantir crédito durante a crise
Gerdau diz que não tem operações com derivativos cambiais e que crise pode ser oportunidade para a empresa no exterior
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Como uma empresa ou família trabalha numa crise? Fica
ligeirinho para qualquer coisa.
O governo tem de fazer isso
também". O conselho é do empresário Jorge Gerdau, que vê
no "corte de gastos inúteis do
governo" a receita para aumentar o crédito, curto em tempos
da crise.
Gerdau fez as declarações
ontem, em São Paulo, após uma
palestra sobre jovem empreendorismo, prática fomentada pela ONG Junior Achievement,
patrocinada por sua empresa.
Gerdau defendeu a atuação
do Banco Central brasileiro na
crise atual ao comentar a retração do crédito no mercado internacional: "Eu acho que estão
trabalhando bem. Mas, entre
trabalhar bem e as coisas acontecerem no campo real, sempre
existe uma dificuldade."
A realidade para o empresariado, segundo Gerdau, é a
preocupação de que o governo
interrompa investimentos.
"Em época de crise o governo
tem de investir mais ainda, porque investimento é o maior
empregador que existe". Liquidez e investimento, aliás, foram
as palavras mais citadas por ele.
"O dinheiro é o definidor do
ritmo das coisas. Se nós tivermos capacidade de manter o
fluxo financeiro via ações do
Banco Central, nós vamos conseguir evitar que a crise atinja o
país mais fortemente", disse.
Perguntado sobre se o superávit primário (economia do
governo para pagar juros da dívida pública) deveria ser reduzido, replicou: "Eu diria o contrário. Os gastos de consumo do
governo têm de diminuir para
sobrar mais para investimento.
Como a sociedade, as empresas
trabalham? É cortando gastos
inúteis."
Semana do silêncio
Gerdau, cuja empresa comprou siderúrgicas nos EUA recentemente com uma atuação
agressiva de expansão no exterior, não quis comentar sobre
os resultados de sua empresa:
"Eu estou na minha semana do
silêncio", afirmou Gerdau sobre o período anterior à divulgação do balanço trimestral.
A Gerdau tem forte atuação
no mercado americano, epicentro da crise. A siderúrgica
anunciou recentemente investimentos de peso na Argentina
(US$ 524 milhões) e no Peru
(US$ 1,4 bilhão).
Mesmo sem dar detalhes,
Gerdau assegurou: "Nossa empresa não tem derivativos, nós
não trabalhamos com isso".
Ele diz que não percebe um
contágio da crise no setor de
construção civil, um dos maiores consumidores do aço produzido pela Gerdau. "Os projetos lançados estão em andamento", disse. Mas lembrou: "A
fotografia sairá mais tarde".
O empresário disse que a crise é um momento de oportunidade para a Gerdau. Oportunidades para a empresa no Brasil? "Eu acho que é mais para
fora", respondeu, evasivo.
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