São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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EUA voltam a crescer, mas deficit ameaça retomada

Com estímulos do governo, PIB do 3º trimestre cresce 3,5% na taxa anualizada

Recuperação é turbinada por programas oficiais, mas deficit público inibe novas medidas e o emprego ainda não se recuperou

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A economia norte-americana voltou a crescer no terceiro trimestre deste ano. Com uma expansão de 3,5% na taxa anualizada, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu pela primeira vez após quatro trimestres de queda e no ritmo mais elevado desde o terceiro trimestre de 2007.
O resultado veio levemente acima das projeções de especialistas, que esperavam uma alta em torno de 3,3%. O resultado sinaliza tecnicamente que a recessão acabou. Mas a confirmação disso depende da análise do Escritório Nacional de Pesquisa Econômica. O órgão avalia que a recessão da economia americana começou em dezembro de 2007, mas afirma que os dados disponíveis ainda são insuficientes para uma análise definitiva sobre o fim da maior crise econômica em mais de 70 anos.
A melhora no desempenho é resultado em grande parte dos pacotes de estímulo, como o "American Revovery and Investment Act", que injetou US$ 787 bilhões na economia, além de outros programas setoriais.
A discussão agora no país é qual será o rumo da economia americana depois que cessarem os efeitos dos benefícios. O governo já discute novas opções, mas, na prática, com um deficit de US$ 1,4 trilhão, tem menos espaço para intervenções de custo elevado.
O consumo representa cerca de dois terços da economia americana. No terceiro trimestre, registrou alta de 3,4%, um sinal de que os americanos voltaram às lojas. Na prática, o resultado está diretamente ligado a um programa federal que estimula a compra de veículos com consumo mais eficiente de combustível. O setor automobilístico foi um dos mais afetados pela crise.
O investimento no setor imobiliário, outro que desabou desde setembro do ano passado, avançou 23,4%, impulsionado por benefícios fiscais para a compra do primeiro imóvel e pela atuação do Fed, o banco central americano, em relação a custos de hipotecas. Já a construção de imóveis não residenciais caiu 9%.
"O futuro será de crescimento menor. O consumo foi muito afetado pelos programas de estímulo neste trimestre", disse Cary Leahey, economista da Decision Economics.
Os gastos do governo federal cresceram com a implementação do pacote de estímulo, mas os dos governos estaduais e locais caíram 1,1%. As exportações tiveram alta de 14,7%, e as importações, de 16,4%.
O presidente dos EUA, Barack Obama, também apostou em atitude mais cautelosa. Em encontro com líderes empresariais, disse que o resultado "é uma notícia positiva e uma afirmação de que a recessão está diminuindo". Mas a economia real ainda não reflete o desempenho favorável do PIB, e muitos americanos avaliam a situação da economia americana com pessimismo.
"O padrão que costumo adotar para medir a força da nossa economia não é quando o PIB está crescendo, mas se nós estamos criando empregos, se as famílias estão tendo mais facilidade para pagar as contas, se nossos negócios estão contratando e indo bem", disse o presidente democrata.
Em relatório, o economista Josh Bivens, do Economic Policy Institute, afirma que o pacote de recuperação da economia forneceu os recursos necessários para estabilizar a economia, mas a criação de vagas dependerá ainda de mais auxílio do governo. "O consumo sozinho não é suficiente no momento para fornecer o crescimento econômico necessário para a criação robusta de novas vagas e a redução na taxa de desemprego", disse ele.


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