|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA voltam a crescer, mas deficit ameaça retomada
Com estímulos do governo, PIB do 3º trimestre cresce 3,5% na taxa anualizada
Recuperação é turbinada por programas oficiais, mas deficit público inibe novas medidas e o emprego
ainda não se recuperou
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A economia norte-americana voltou a crescer no terceiro
trimestre deste ano. Com uma
expansão de 3,5% na taxa anualizada, o PIB (Produto Interno
Bruto) do país cresceu pela primeira vez após quatro trimestres de queda e no ritmo mais
elevado desde o terceiro trimestre de 2007.
O resultado veio levemente
acima das projeções de especialistas, que esperavam uma alta
em torno de 3,3%. O resultado
sinaliza tecnicamente que a recessão acabou. Mas a confirmação disso depende da análise do
Escritório Nacional de Pesquisa Econômica. O órgão avalia
que a recessão da economia
americana começou em dezembro de 2007, mas afirma
que os dados disponíveis ainda
são insuficientes para uma análise definitiva sobre o fim da
maior crise econômica em mais
de 70 anos.
A melhora no desempenho é
resultado em grande parte dos
pacotes de estímulo, como o
"American Revovery and Investment Act", que injetou US$
787 bilhões na economia, além
de outros programas setoriais.
A discussão agora no país é
qual será o rumo da economia
americana depois que cessarem os efeitos dos benefícios. O
governo já discute novas opções, mas, na prática, com um
deficit de US$ 1,4 trilhão, tem
menos espaço para intervenções de custo elevado.
O consumo representa cerca
de dois terços da economia
americana. No terceiro trimestre, registrou alta de 3,4%, um
sinal de que os americanos voltaram às lojas. Na prática, o resultado está diretamente ligado
a um programa federal que estimula a compra de veículos
com consumo mais eficiente de
combustível. O setor automobilístico foi um dos mais afetados pela crise.
O investimento no setor imobiliário, outro que desabou desde setembro do ano passado,
avançou 23,4%, impulsionado
por benefícios fiscais para a
compra do primeiro imóvel e
pela atuação do Fed, o banco
central americano, em relação
a custos de hipotecas. Já a construção de imóveis não residenciais caiu 9%.
"O futuro será de crescimento menor. O consumo foi muito
afetado pelos programas de estímulo neste trimestre", disse
Cary Leahey, economista da
Decision Economics.
Os gastos do governo federal
cresceram com a implementação do pacote de estímulo, mas
os dos governos estaduais e locais caíram 1,1%. As exportações tiveram alta de 14,7%, e as
importações, de 16,4%.
O presidente dos EUA, Barack Obama, também apostou
em atitude mais cautelosa. Em
encontro com líderes empresariais, disse que o resultado "é
uma notícia positiva e uma afirmação de que a recessão está
diminuindo". Mas a economia
real ainda não reflete o desempenho favorável do PIB, e muitos americanos avaliam a situação da economia americana
com pessimismo.
"O padrão que costumo adotar para medir a força da nossa
economia não é quando o PIB
está crescendo, mas se nós estamos criando empregos, se as
famílias estão tendo mais facilidade para pagar as contas, se
nossos negócios estão contratando e indo bem", disse o presidente democrata.
Em relatório, o economista
Josh Bivens, do Economic Policy Institute, afirma que o pacote de recuperação da economia forneceu os recursos necessários para estabilizar a economia, mas a criação de vagas
dependerá ainda de mais auxílio do governo. "O consumo sozinho não é suficiente no momento para fornecer o crescimento econômico necessário
para a criação robusta de novas
vagas e a redução na taxa de desemprego", disse ele.
Texto Anterior: Nota fiscal: Prazo para pedir desconto no IPVA termina amanhã em SP Próximo Texto: Frases Índice
|