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Endividada, velha Varig deve parar amanhã
Flex deve R$ 8 milhões e não paga o aluguel de seu único avião há 4 meses
Aérea tem 210 funcionários, que não receberam o salário de outubro; liberação de depósitos em juízo pode
dar sobrevida à empresa
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Flex, empresa remanescente da recuperação judicial
da Varig, deve paralisar as operações a partir de amanhã. Com
uma dívida de R$ 8 milhões e
sem pagar o aluguel de seu único avião há quatro meses, a Flex
não tem dinheiro para renovar
o seguro da aeronave (US$ 150
mil), que vence hoje, e sem o
qual não pode operar.
A proprietária do avião, a
Wells Fargo, também já avisou
que, se a empresa não pagar o
que deve até hoje, vai iniciar
um processo de arresto do jato.
"Agora é esperar que algum
credor peça a falência", afirma
o gestor judicial da Flex, Aurélio Penelas.
A empresa possui 210 funcionários e não tem de onde tirar
recursos para pagar a folha de
salários de outubro. "Mais uma
vez os funcionários da Varig serão dispensados de forma
abrupta", diz a presidente do
Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio.
A Flex contava com um crédito de R$ 5 milhões que fora
depositado em juízo em ações
trabalhistas anteriores ao processo de recuperação judicial,
iniciado em 2005. A liberação
foi autorizada pelo juiz Luiz
Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, sob
o entendimento de que os credores trabalhistas aderiram à
recuperação judicial. No entanto, há cerca de um mês o Tribunal Regional do Trabalho
(TRT) do Rio determinou que
os recursos devem continuar
retidos. "Estamos aguardando
uma decisão definitiva do Conselho Nacional de Justiça sobre
os depósitos judiciais, mas não
temos mais fôlego para operar", diz o gestor judicial.
A Flex opera voos fretados e
tem como principal cliente a
Gol, que tem obrigação contratual de adquirir 140 horas mensais de seus serviços de fretamento. Essa obrigação foi uma
das formas encontradas pela
Justiça do Rio em 2006, quando a Varig foi vendida para a
VarigLog, para manter a Flex
operando até o julgamento da
ação da defasagem tarifária da
Varig contra a União no STF
(Supremo Tribunal Federal).
Uma eventual falência da
Flex pode ainda atrapalhar as
negociações do chamado encontro de contas entre dívidas e
créditos da Varig com a União,
que se arrastam há sete meses.
De acordo com a AGU (Advocacia Geral da União), que
coordena as negociações, o relatório final com uma proposta
do órgão deve ser apresentado
no próximo dia 3. Graziella
Baggio, que acompanha as negociações, afirma que uma das
ideias é "eliminar as dívidas
que estão prescritas e enquadrar o que sobrar no Refis da
crise", novo programa de parcelamento de débitos federais e
previdenciários que permite o
pagamento em até 15 anos.
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