São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

"Se não houver acordo, o governo vai arbitrar preços", afirma coordenador do programa de energia do PT

PT vai rever preço da luz, afirma Pinguelli

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O coordenador do programa de política energética do PT, Luiz Pinguelli Rosa, afirmou ontem que o governo Luiz Inácio Lula da Silva vai convocar todas as concessionárias de energia elétrica para repactuar as tarifas. E disse que, se não houver acordo, o governo vai arbitrar os preços.
"Se os dois lados (governo e concessionárias) não chegarem a um acordo na reunião, o governo vai arbitrar o valor da tarifa e as outras pendências. O consumidor, que foi o bobo na história do apagão, não pode pagar pelos erros de todos nós", disse Rosa, que também é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
As declarações de Pinguelli Rosa foram feitas durante o 15º Seminário Nacional de Energia Elétrica, em Salvador. Ele disse que o governo está disposto "até a brigar" com as concessionárias para garantir o poder de compra dos trabalhadores. A repactuação seria feita ao fim do primeiro semestre de 2003.
"Como está, todos estão infelizes. Sabemos que vamos perder alguns anéis para que os dedos sejam preservados. Todo mundo vai perder, menos o contribuinte. Não queremos briga com ninguém, mas, se quiserem brigar conosco, vamos brigar."

Repactuação
O professor também previu que a repactuação entre governo e as concessionárias não vai agradar a todos. "Não existe uma solução mágica capaz de agradar totalmente o Estado, as distribuidoras e os consumidores. Alguém vai perder um pouco para o outro ganhar, e vice-versa."
Apesar de dizer que o governo quer a repactuação com as concessionárias, Rosa descartou a possibilidade de as tarifas serem reduzidas. "Isso não é realista no momento, com a inflação subindo e a oscilação cambial. O que queremos é evitar aumentos excessivos."
Rosa também descartou um eventual racionamento de energia elétrica nos próximos dois anos, mas acrescentou que a capacidade instalada atual é insuficiente para garantir o crescimento.
O coordenador do programa energético do PT disse que o novo governo vai respeitar todos os contratos e descartou a possibilidade de novas privatizações.
"Não haverá mais privatização. Vamos contar com as empresas privadas para fazer as obras necessárias ao setor. Se a empresa não executar, o Estado vai fazer."
Segundo Pinguelli Rosa, a obrigação do sistema elétrico é estar preparado para atender a qualquer demanda. Ele disse ainda que o setor elétrico "não está bem" no Brasil por falta de investimentos. "Queremos retomar o planejamento com a participação de todas as empresas."

Sem argentinização
O professor acrescentou que as termelétricas no governo Lula serão desligadas "sempre que houver água nos reservatórios" e concluiu que o Brasil precisa de investimentos para evitar uma "argentinização". "Estamos em uma bifurcação: um lado aponta para a Argentina; e outro, para o desenvolvimento. No entanto, para chegarmos ao desenvolvimento, é necessário ceder."
O coordenador disse também que o governo pretende intensificar as ações iniciadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para garantir energia elétrica a todas as residências do país. "É inconcebível que o Brasil ainda tenha 2,5 milhões de casas sem energia elétrica."


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