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ANO DO DRAGÃO
"Se não houver acordo, o governo vai arbitrar preços", afirma coordenador do programa de energia do PT
PT vai rever preço da luz, afirma Pinguelli
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O coordenador do programa de
política energética do PT, Luiz
Pinguelli Rosa, afirmou ontem
que o governo Luiz Inácio Lula da
Silva vai convocar todas as concessionárias de energia elétrica
para repactuar as tarifas. E disse
que, se não houver acordo, o governo vai arbitrar os preços.
"Se os dois lados (governo e
concessionárias) não chegarem a
um acordo na reunião, o governo
vai arbitrar o valor da tarifa e as
outras pendências. O consumidor, que foi o bobo na história do
apagão, não pode pagar pelos erros de todos nós", disse Rosa, que
também é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
As declarações de Pinguelli Rosa foram feitas durante o 15º Seminário Nacional de Energia Elétrica, em Salvador. Ele disse que o
governo está disposto "até a brigar" com as concessionárias para
garantir o poder de compra dos
trabalhadores. A repactuação seria feita ao fim do primeiro semestre de 2003.
"Como está, todos estão infelizes. Sabemos que vamos perder
alguns anéis para que os dedos sejam preservados. Todo mundo
vai perder, menos o contribuinte.
Não queremos briga com ninguém, mas, se quiserem brigar conosco, vamos brigar."
Repactuação
O professor também previu que
a repactuação entre governo e as
concessionárias não vai agradar a
todos. "Não existe uma solução
mágica capaz de agradar totalmente o Estado, as distribuidoras
e os consumidores. Alguém vai
perder um pouco para o outro ganhar, e vice-versa."
Apesar de dizer que o governo
quer a repactuação com as concessionárias, Rosa descartou a
possibilidade de as tarifas serem
reduzidas. "Isso não é realista no
momento, com a inflação subindo e a oscilação cambial. O que
queremos é evitar aumentos excessivos."
Rosa também descartou um
eventual racionamento de energia
elétrica nos próximos dois anos,
mas acrescentou que a capacidade instalada atual é insuficiente
para garantir o crescimento.
O coordenador do programa
energético do PT disse que o novo
governo vai respeitar todos os
contratos e descartou a possibilidade de novas privatizações.
"Não haverá mais privatização.
Vamos contar com as empresas
privadas para fazer as obras necessárias ao setor. Se a empresa
não executar, o Estado vai fazer."
Segundo Pinguelli Rosa, a obrigação do sistema elétrico é estar
preparado para atender a qualquer demanda. Ele disse ainda
que o setor elétrico "não está
bem" no Brasil por falta de investimentos. "Queremos retomar o
planejamento com a participação
de todas as empresas."
Sem argentinização
O professor acrescentou que as
termelétricas no governo Lula serão desligadas "sempre que houver água nos reservatórios" e concluiu que o Brasil precisa de investimentos para evitar uma "argentinização". "Estamos em uma bifurcação: um lado aponta para a
Argentina; e outro, para o desenvolvimento. No entanto, para
chegarmos ao desenvolvimento, é
necessário ceder."
O coordenador disse também
que o governo pretende intensificar as ações iniciadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para garantir energia elétrica a
todas as residências do país. "É inconcebível que o Brasil ainda tenha 2,5 milhões de casas sem
energia elétrica."
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