São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Tesouro já tem US$ 3,5 bi para parcelas da dívida de 2006

Governo capta US$ 500 mi e consegue pagar juro menor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro fez ontem seu décimo lançamento de títulos da dívida externa deste ano. Desta vez, o Tesouro Nacional aceitou pagar juros de 8,311% ao ano até 2034 para poder tomar um empréstimo de US$ 500 milhões. O dinheiro deve ser depositado nas reservas internacionais do país no próximo dia 6. Em maio, na emissão de papéis também com vencimento em 2034, o governo se comprometera a pagar juros anuais de 8,814%.
Em 2005, o Tesouro já tomou emprestado US$ 8 bilhões por meio da emissão desse tipo. Trata-se do maior valor já obtido pelo governo brasileiro no mercado internacional em um único ano desde 1994, quando se encerrou a renegociação da dívida externa.
Os valores não incluem operações de troca de títulos, em que o país emite papéis novos para substituir parte daqueles que já circulam no mercado. A previsão do governo era emitir US$ 4,5 bilhões em títulos no exterior neste ano, mas, diante das condições mais favoráveis do mercado, ele antecipou empréstimos que só seriam contraídos a partir de 2006.
Com a operação de ontem, o Tesouro já obteve US$ 3,5 bilhões que poderão ser usados para pagar as parcelas da dívida externa que vencem em 2006, ano eleitoral. Em 2002, o fluxo de recursos estrangeiros para o Brasil sofreu forte queda, e tanto o governo quanto o setor privado tiveram dificuldades para captar.
O elevado fluxo de capital para o Brasil reflete tanto uma melhora no cenário internacional quanto uma mudança na percepção dos investidores sobre o país.
No cenário externo, as elevadas taxas de crescimento observadas na maioria dos países desenvolvidos faz com que haja um otimismo maior nos investidores, que ficam mais dispostos a assumir riscos. Os juros pagos por países emergentes, como o Brasil, ainda são comparativamente altos.
Por um empréstimo similar ao obtido ontem pelo Tesouro, por exemplo, os EUA pagam juros de cerca de 5% ao ano.
No caso específico do Brasil, há uma avaliação de que a economia, nos últimos anos, deu sinais de melhoras: o aumento das exportações -puxado pelo crescimento dos países desenvolvidos e emergentes como China e Índia- e a continuidade do aperto fiscal -que sinaliza o esforço do país para pagar suas dívidas- são constantemente citados como fatores positivos.
Como resultado, os juros pagos pelo Brasil para tomar empréstimos no exterior são, apesar de altos, mais baixos do que já foram no passado.


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