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RECEITA ORTODOXA
Tesouro já tem US$ 3,5 bi para parcelas da dívida de 2006
Governo capta US$ 500 mi e consegue pagar juro menor
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro fez ontem
seu décimo lançamento de títulos
da dívida externa deste ano. Desta
vez, o Tesouro Nacional aceitou
pagar juros de 8,311% ao ano até
2034 para poder tomar um empréstimo de US$ 500 milhões. O
dinheiro deve ser depositado nas
reservas internacionais do país no
próximo dia 6. Em maio, na emissão de papéis também com vencimento em 2034, o governo se
comprometera a pagar juros
anuais de 8,814%.
Em 2005, o Tesouro já tomou
emprestado US$ 8 bilhões por
meio da emissão desse tipo. Trata-se do maior valor já obtido pelo
governo brasileiro no mercado
internacional em um único ano
desde 1994, quando se encerrou a
renegociação da dívida externa.
Os valores não incluem operações de troca de títulos, em que o
país emite papéis novos para
substituir parte daqueles que já
circulam no mercado. A previsão
do governo era emitir US$ 4,5 bilhões em títulos no exterior neste
ano, mas, diante das condições
mais favoráveis do mercado, ele
antecipou empréstimos que só seriam contraídos a partir de 2006.
Com a operação de ontem, o
Tesouro já obteve US$ 3,5 bilhões
que poderão ser usados para pagar as parcelas da dívida externa
que vencem em 2006, ano eleitoral. Em 2002, o fluxo de recursos
estrangeiros para o Brasil sofreu
forte queda, e tanto o governo
quanto o setor privado tiveram
dificuldades para captar.
O elevado fluxo de capital para o
Brasil reflete tanto uma melhora
no cenário internacional quanto
uma mudança na percepção dos
investidores sobre o país.
No cenário externo, as elevadas
taxas de crescimento observadas
na maioria dos países desenvolvidos faz com que haja um otimismo maior nos investidores, que
ficam mais dispostos a assumir
riscos. Os juros pagos por países
emergentes, como o Brasil, ainda
são comparativamente altos.
Por um empréstimo similar ao
obtido ontem pelo Tesouro, por
exemplo, os EUA pagam juros de
cerca de 5% ao ano.
No caso específico do Brasil, há
uma avaliação de que a economia,
nos últimos anos, deu sinais de
melhoras: o aumento das exportações -puxado pelo crescimento dos países desenvolvidos e
emergentes como China e Índia- e a continuidade do aperto
fiscal -que sinaliza o esforço do
país para pagar suas dívidas-
são constantemente citados como
fatores positivos.
Como resultado, os juros pagos
pelo Brasil para tomar empréstimos no exterior são, apesar de altos, mais baixos do que já foram
no passado.
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