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Estatais incham quadro de funcionários
Empresas elevam em 15% número de empregados no governo Lula; contratações crescem também nas que tiveram prejuízo
Número de funcionários aumentou de 381.911 em 2003 para 439.802 no ano passado, segundo dados do Ministério do Planejamento
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas estatais aumentaram em 15,2% o número de
empregados durante o governo
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, uma taxa ainda mais
expressiva do que as contratações feitas por autarquias, fundações e órgãos da administração direta, que aumentaram
12,9% desde 2003.
O governo aumentou a conta
de pessoal em praticamente todas as estatais e, ao contrário
do que ocorre na iniciativa privada, as contratações se estenderam inclusive a empresas
que apresentaram prejuízo no
passado.
Os funcionários das estatais
saltaram de 381.911 em 2003
para 439.802 no ano passado,
segundo levantamento feito
pelo Ministério do Planejamento, responsável pela supervisão das 116 estatais existentes
no país.
"Há uma influência significativa dos acordos assinados com
o Ministério Público para substituição de servidores terceirizados. A contratação de quase
60 mil servidores no universo
total das estatais não é excessiva. Estamos longe do ritmo de
contratação da economia como
um todo", diz Murilo Barella,
diretor do Dest (Departamento
de Coordenação e Controle das
Empresas Estatais), do Ministério do Planejamento.
As contratações das estatais
não devem ser reduzidas no
curto prazo.
Segundo o diretor do Dest,
além da substituição de funcionários terceirizados por concursados, o governo enfrenta
agora uma segunda onda. Decisões de tribunais de contas têm
exigido do governo a realização
de concursos para servidores
de informática, um setor que é
tradicionalmente terceirizado.
Novos concursos
No grupo das companhias
que registraram os dez maiores
prejuízos entre as estatais em
2007, há pelo menos cinco que
aumentaram o número de funcionários. O caso mais expressivo é o da Manaus Energia,
empresa de distribuição de eletricidade no Amazonas. Em
2003, a empresa tinha 427 funcionários. No ano passado,
eram 1.027 -aumento de 140%
nos servidores, o maior percentual entre todas as estatais federais. Já o prejuízo do ano passado chegou a R$ 602 milhões,
o segundo maior entre as companhias do governo.
O presidente da empresa,
Flávio Decat, diz que a Manaus
Energia foi fundida no ano passado com a distribuidora que
abastecia as cidades do interior
do Amazonas e, atualmente, as
consultorias contratadas para
avaliar a organização da nova
empresa ainda estão dimensionando o quadro de funcionários que será necessário.
"Essas empresas [distribuidoras de energia estaduais que
foram federalizadas] têm um
grupo muito antigo de servidores com salários muito altos.
Faremos novos concursos para
a entrada de gente nova e daremos incentivos, a partir de janeiro, para que os mais velhos
possam sair. Isso é melhor do
que o simples corte de pessoal",
afirma Decat.
Responsável também pela
presidência da Boa Vista Energia, empresa que está em quinto lugar no ranking dos maiores
aumentos de pessoal, Decat reconhece que a estatal tem mais
funcionários do que precisa.
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) estima que a
empresa funcione bem com
pouco mais de cem funcionários, diz Decat. Atualmente, há
288 servidores na distribuidora
de energia de Boa Vista (RR).
Crescimento ajuda
A Petrobras e sua subsidiária
para transporte de petróleo, a
Transpetro, também aparecem
entre as estatais que mais aumentaram o número de servidores. No caso da Petrobras, o
total de funcionários subiu de
36.363 pessoas em 2003 para
50.207 no ano passado -aumento de 38,1%. Na Transpetro, o número de trabalhadores
cresceu 35%.
De acordo com Murilo Barella, esses movimentos são explicados pelo crescimento econômico. Os bons desempenhos
da economia e, principalmente,
do setor de petróleo, aumentaram a necessidade de pessoal
da Petrobras e de algumas de
suas subsidiárias.
Entre os maiores empregadores do governo, levando em
conta o total de servidores e
não o crescimento registrado
no governo Lula, estão empresas como os Correios (5,59%),
Infraero (20,23%), e Serpro
(19,51%), que também tiveram
aumentos significativos no
quadro de pessoal. Entre os
grandes empregadores estatais,
a Embrapa foi a única que teve
redução de funcionários no período (1,81%).
O maior prejuízo registrado
pelas estatais no ano passado
foi na Petrobras Internacional
(Braspetro), com resultado negativo de R$ 1,652 bilhão.
Segundo a Petrobras, a subsidiária tem investimentos em
exploração e produção de petróleo que ainda estão em fase
de pesquisa, sem gerar receita,
o que justificaria o saldo negativo em 2007.
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