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Votorantim prioriza área de cimento ao ajustar investimentos para o próximo ano
DO COLUNISTA DA FOLHA
Diante da série de notícias
relativas a cortes de produção e
de mudanças na gestão, o presidente do conselho de administração da Votorantim Participações, Carlos Ermírio de Moraes, encaminhou um comunicado aos diretores do grupo na
quinta-feira à noite com o objetivo de esclarecer a situação do
conglomerado. Os executivos
leram a circular na manhã de
sexta-feira.
No comunicado, Ermírio de
Moraes afirma que o programa
de investimentos está mantido,
em princípio, até 2012, mas admite "ajustes seletivos de cronogramas em 2009 e possivelmente em 2010, dependendo
da intensidade do impacto da
crise em nossos mercados relevantes".
Segundo o informe, "a profunda crise, que se alastrou internacionalmente, tem reflexos na economia mundial e no
nível de atividade de todos os
setores. Isso nos impõe a necessidade de tomarmos decisões rápidas e corajosas para
resguardar a competitividade
das nossas operações e do nosso ambicioso programa de investimento, que, em princípio,
está mantido até 2012, com
ajustes seletivos de cronogramas em 2009 e possivelmente
em 2010".
De acordo com o comunicado, "o programa de investimentos para 2009 foi ajustado para
R$ 5 bilhões, ficando seguramente entre os dois maiores do
setor privado brasileiro".
O valor previsto para o investimento antes da crise não chegou a ser divulgado, mas, de
acordo com o que a Folha apurou, a Votorantim chegou a discutir o ajuste para R$ 4 bilhões,
mas acabou optando por investir R$ 5 bilhões em 2009.
Uma boa parte desses investimentos se dará na área de cimento, que deve ser o último
setor a sentir os efeitos da crise
em razão das diversas obras na
área de construção civil que estão em andamento e não podem ser interrompidas. O setor
deve suspender apenas os novos lançamentos.
No comunicado, Ermírio de
Moraes defende com ênfase o
modelo de gestão da companhia e não indica intenção de
mudança. "O nosso modelo de
governança, implantado em
2001, é o resultado de décadas
de trabalho, reflexão e amadurecimento de gerações de executivos e acionistas, e está fundamentado sobre sólidos valores", escreve.
A circular não dá muitas pistas sobre o futuro do Banco Votorantim, o quarto maior banco privado do país. Diz apenas
que "é consenso entre os acionistas que o grupo deve continuar nesse setor, dada sua contínua história de sucesso e os
resultados expressivos, com
grande potencial de crescimento e de geração de valor".
Sobre a fusão com a Aracruz,
que chegou a ser anunciada em
agosto e depois desfeita com a
crise, a circular diz que o grupo
não desistiu do negócio e que
as conversas foram mantidas.
"Uma eventual integração da
Aracruz com a VCP pode criar
a maior e mais competitiva empresa do setor no mundo".
O comunicado também trata
das perdas que o grupo sofreu
com as operações de derivativos cambiais, que foram calculadas em R$ 2,2 bilhões.
De acordo com a circular, "o
risco da operação já foi todo
neutralizado, a fim de dar total
transparência ao mercado e
evitar o comprometimento da
imagem do grupo".
(GUILHERME BARROS)
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