São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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Votorantim prioriza área de cimento ao ajustar investimentos para o próximo ano

DO COLUNISTA DA FOLHA

Diante da série de notícias relativas a cortes de produção e de mudanças na gestão, o presidente do conselho de administração da Votorantim Participações, Carlos Ermírio de Moraes, encaminhou um comunicado aos diretores do grupo na quinta-feira à noite com o objetivo de esclarecer a situação do conglomerado. Os executivos leram a circular na manhã de sexta-feira.
No comunicado, Ermírio de Moraes afirma que o programa de investimentos está mantido, em princípio, até 2012, mas admite "ajustes seletivos de cronogramas em 2009 e possivelmente em 2010, dependendo da intensidade do impacto da crise em nossos mercados relevantes".
Segundo o informe, "a profunda crise, que se alastrou internacionalmente, tem reflexos na economia mundial e no nível de atividade de todos os setores. Isso nos impõe a necessidade de tomarmos decisões rápidas e corajosas para resguardar a competitividade das nossas operações e do nosso ambicioso programa de investimento, que, em princípio, está mantido até 2012, com ajustes seletivos de cronogramas em 2009 e possivelmente em 2010".
De acordo com o comunicado, "o programa de investimentos para 2009 foi ajustado para R$ 5 bilhões, ficando seguramente entre os dois maiores do setor privado brasileiro".
O valor previsto para o investimento antes da crise não chegou a ser divulgado, mas, de acordo com o que a Folha apurou, a Votorantim chegou a discutir o ajuste para R$ 4 bilhões, mas acabou optando por investir R$ 5 bilhões em 2009.
Uma boa parte desses investimentos se dará na área de cimento, que deve ser o último setor a sentir os efeitos da crise em razão das diversas obras na área de construção civil que estão em andamento e não podem ser interrompidas. O setor deve suspender apenas os novos lançamentos.
No comunicado, Ermírio de Moraes defende com ênfase o modelo de gestão da companhia e não indica intenção de mudança. "O nosso modelo de governança, implantado em 2001, é o resultado de décadas de trabalho, reflexão e amadurecimento de gerações de executivos e acionistas, e está fundamentado sobre sólidos valores", escreve.
A circular não dá muitas pistas sobre o futuro do Banco Votorantim, o quarto maior banco privado do país. Diz apenas que "é consenso entre os acionistas que o grupo deve continuar nesse setor, dada sua contínua história de sucesso e os resultados expressivos, com grande potencial de crescimento e de geração de valor".
Sobre a fusão com a Aracruz, que chegou a ser anunciada em agosto e depois desfeita com a crise, a circular diz que o grupo não desistiu do negócio e que as conversas foram mantidas. "Uma eventual integração da Aracruz com a VCP pode criar a maior e mais competitiva empresa do setor no mundo".
O comunicado também trata das perdas que o grupo sofreu com as operações de derivativos cambiais, que foram calculadas em R$ 2,2 bilhões.
De acordo com a circular, "o risco da operação já foi todo neutralizado, a fim de dar total transparência ao mercado e evitar o comprometimento da imagem do grupo". (GUILHERME BARROS)


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