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São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003

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Empresas de papel exigiram reunião de última hora

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O acordo firmado entre o BNDES e a AES quase foi desfeito no final de semana. Na noite de sábado, por volta das 21h, um impasse de última hora quase pôs tudo a perder.
Reunidos no Rio, no escritório de advocacia Bocater, Camargo, Costa e Silva, os envolvidos na negociação pelo lado do BNDES se recusavam a bater o martelo enquanto a empresa norte-americana não apresentasse garantias adicionais às empresas de papel (holdings e subholdings com sede em paraísos fiscais) incluídas no acordo.
O BNDES não queria incluir no acordo empresas cujos balanços não foram auditados pelo banco. A AES considerava irrelevante essa exigência.
De acordo com o que a Folha apurou, a AES esticou a corda da negociação ao máximo para tentar se aproveitar do fato de o BNDES querer fechar o acordo para evitar um megaprejuízo no seu balanço deste ano.
O BNDES foi obrigado a endurecer a negociação, e o acordo foi praticamente desfeito. O impasse durou algumas horas, até que a AES concordou em dar as garantias adicionais e, finalmente, o martelo pôde ser batido.
Todos os passos da negociação foram acompanhados por Carlos Lessa, presidente do BNDES, da sua casa em Teresópolis, e por Joseph Brandt, o segundo homem da AES e negociador oficial da empresa, por meio de videoconferência.
A assinatura das mais de 4.000 páginas do acordo se estendeu até as 4h da manhã de domingo. Quem assinou pelo BNDES foi Roberto Timótheo da Costa, diretor financeiro do banco. Pela AES, foi Eduardo Bernini, presidente da Eletropaulo.
Depois de os documentos terem sido todos assinados, o advogado Francisco Costa e Silva, que participou da negociação, abriu seis garrafas de champanhe para comemorar o acordo.
No domingo, às 11h da manhã, Timótheo levou a papelada a Teresópolis, que fica a uma hora e meia do Rio, para Lessa assinar os documentos. Ele ficou mais duas horas assinando a papelada.
Os 11 meses de negociação entre o BNDES e a AES foram muito duros. Em setembro, quando foi selado o acordo preliminar entre as duas partes, o chamado memorando de entendimento, foi preciso Roberto Timótheo da Costa dar um soco na mesa para a empresa americana concordar em assinar o acordo. Só depois disso o memorando de entendimento foi assinado.



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