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Inflação do aluguel é a maior desde 2004
IGP-M fecha ano em 9,81%, mas tendência é de baixa em razão da queda das commodities; dezembro tem deflação de 0,13%
Redução nos preços das
matérias-primas compensa
alta do dólar; para FGV,
consumidor sentirá efeitos
no bolso no 1º trimestre
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O IGP-M (Índice Geral de
Preços - Mercado), que serve
como referência para o reajuste
de aluguéis e tarifas públicas,
encerrou 2008 com uma alta
acumulada de 9,81%, maior taxa desde 2004; no entanto, ficou abaixo das expectativas, as
quais variaram de 10% a 15% ao
longo dos últimos meses.
Para a FGV (Fundação Getulio Vargas), responsável pela
medição, a tendência de baixa
apresentada pelo indicador a
partir de agosto deve continuar
2009 adentro, e os consumidores começarão a sentir no bolso
o recuo dos preços em meados
do primeiro trimestre.
No acumulado de 12 meses
em julho, o IGP-M chegou a
15,15%, quase o dobro dos
8,38% aferidos em janeiro. Depois, passou a cair. O movimento do IGP-M no segundo semestre surpreendeu porque,
diferentemente do que acontece normalmente, a valorização
de cerca de 50% do dólar ante o
real não resultou em pressão
inflacionária. "O efeito dessa
alta foi compensado pela redução dos preços das commodities no mercado internacional
devido à crise", afirma Salomão
Quadros, coordenador de análises econômicas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia),
da FGV. "A moeda americana
não voltará a cair, mas as commodities não voltarão a subir.
Não veremos tão cedo se repetir aquele cenário global pujante, com a China comprando todo o minério disponível."
Na avaliação de Quadros,
tampouco há o risco de repasse
de elevação de custos por parte
dos setores da indústria que observaram as suas matérias-primas subirem no primeiro semestre de 2008, pois a demanda externa pelos produtos brasileiros está recuando e a interna deve se desaquecer. "Acho
que a inflação será a parte positiva do noticiário em 2009."
Ritmo de queda
Por enquanto, entre as três
partes que compõem o IGP-M
-atacado, varejo e construção
civil-, a desaceleração está
mais evidente na primeira.
A carne bovina, por exemplo,
teve baixa de 3,03% no atacado
em dezembro, contra queda de
0,61% no mês anterior. "Isso
em plena entressafra e com a
alta do dólar. É sinal de que está
sobrando", comenta o economista da FGV.
Devido à dificuldade de exportar, os produtores terão que
mirar o consumidor doméstico
e, até que consigam ajustar a
oferta à demanda, os preços seguirão recuando.
Os fertilizantes, que puxaram a inflação no início do ano,
agora igualmente experimentam notável decrescimento. O
ácido sulfúrico ainda tem aumento total de 86,15% em
2008, porém recuou 10,19% em
dezembro.
As maiores altas no atacado
no mês passado foram a do tomate (55,15%) e a do minério
de ferro (6,24%).
Assim, o IPA (Índice de Preços por Atacado) encerrou o
mês com baixa de 0,42%, levando o IGP-M a registrar deflação
de 0,13%, já que possui peso de
60% no indicador.
O INCC (Índice Nacional de
Custo da Construção) teve elevação de 0,22%, e o IPC (Índice
de Preços ao Consumidor), de
0,58%. "O que ainda está aparecendo no componente de varejo do índice é o setor de serviços. Esse aumento está relacionado à melhoria de condições
de renda no país, portanto deve
ser temporário", afirma Quadros. Os serviços de cuidados
pessoais, que incluem cabeleireiro, avançaram 0,36% neste
mês, em adição aos 0,29% verificados em novembro. O reajuste de quase 12% do salário
mínimo no ano que vem deve
contribuir para dar um pouco
de fôlego a esse segmento.
Os eletrodomésticos e eletroeletrônicos, cuja fabricação
envolve componentes importados e sujeitos à variação cambial, subiram 0,31% em dezembro e 0,22% no mês passado.
No ano todo, no entanto, têm
redução de 4,42%.
O tomate teve a maior alta no
varejo em dezembro: 64,8%. As
baixas mais pronunciadas foram a do limão, 28,78%, e a do
feijão-carioquinha, 19,03%.
Agropecuária
Apesar de afirmar que estão
dadas todas as condições para a
desaceleração do IPC, a FGV
não crava uma projeção para o
IGP-M em 2009.
O setor da economia que pode fazer um pouco mais de
pressão é o agropecuário. "Deverá ser um ano difícil para os
produtores", afirma Quadros.
As safras ficarão mais caras por
causa da disparada dos fertilizantes, e a perspectiva de menor consumo vai diminuir a sua
rentabilidade. "E nem estamos
mencionando a dificuldade em
obter crédito."
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