|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Juro ao consumidor é o menor em 15 anos
Após repique de outubro, taxa recua na esteira da queda do "spread'; inadimplência também diminui
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As taxas de juros ao consumidor voltaram a cair nos últimos
dois meses do ano, depois da alta em outubro, e atingiram o
menor patamar em 15 anos. De
acordo com a pesquisa mensal
de crédito do Banco Central, os
juros para pessoa física recuaram para 43% ao ano, tanto em
novembro como na primeira
quinzena deste mês.
Para 2010, a expectativa oficial é que os juros bancários
continuem em queda. Mas o
aumento na taxa básica de juros esperado para o próximo
ano e a lentidão na queda da
inadimplência podem frustrar
a melhora no custo do crédito.
A queda dos juros a partir do
mês passado foi puxada pelos
financiamentos mais baratos
nas modalidades de crédito
pessoal, consignado e veículos.
A redução nos juros ao consumidor nessas linhas foi puxada pela queda no "spread" bancário, que é a parcela da taxa
que embute os custos administrativos, impostos e o risco de
inadimplência. De acordo com
o BC, esse fator foi o responsável pelo aumento dos juros na
virada do ano passado, quando
a taxa ao consumidor chegou a
58% ao ano. Agora, com a normalização do mercado de crédito e a queda dos calotes, o
"spread" voltou a recuar.
Em novembro, houve redução na inadimplência dos consumidores, que alcançou o menor patamar do ano (8,1%), mas
ainda está acima do verificado
em 2008. Para as empresas, esse indicador caiu pela primeira
vez em 14 meses, mas ainda está próximo do recorde alcançado neste ano. São considerados
inadimplentes os empréstimos
vencidos há mais de 90 dias.
O governo mantém uma visão otimista em relação a esses
indicadores. "Como há uma
tendência de redução da inadimplência, é de se esperar que
o "spread" retorne aos patamares anteriores à crise, levando a
reduções ainda ao longo de
2010 das taxas de juros", disse o
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Mas, para Mariana Oliveira,
da consultoria Tendências, o
aumento na taxa básica de juros previsto para 2010 pode fazer com que os juros bancários
terminem o próximo ano acima
do verificado neste fim de
2009. "Essa queda na inadimplência vai ser lenta e não deve
ser tão significativa", diz.
Independentemente dos juros, as previsões para 2010 são
de continuidade na recuperação do crédito, que ainda se dará de forma mais lenta para as
empresas. O estoque de empréstimos na economia deve
crescer 20%, acima dos 16% esperados para 2009.
Com esse crescimento, o endividamento dos brasileiros vai
bater recorde. As dívidas de
pessoas físicas e jurídicas somam hoje R$ 1,39 trilhão, ou
44,9% do PIB (Produto Interno
Bruto). Para o fim de 2010, a
previsão oficial é que o crédito
chegue ao patamar de 48%.
Esse aumento deve continuar sendo puxado por modalidades como crédito consignado, habitacional e cartão de crédito, que registram alta neste
fim de ano. No caso das empresas, a pesquisa mostra que o aumento nos empréstimos hoje
está mais concentrado nos setores de serviços e comércio,
principalmente automotivo.
Texto Anterior: Saiba mais: Índice não é o oficial usado pelo governo Próximo Texto: Paulo Rabello de Castro: 2010: um país para Kamila Índice
|