São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 2006

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MERCADO ABERTO

Bernanke adotará metas, diz Werlang

O novo presidente do Fed (o BC americano), Ben Bernanke, deverá manter a política de Alan Greenspan com algum aperfeiçoamento institucional, principalmente no que se refere à adoção do sistema de metas de inflação. Os EUA não adotam esse modelo para a fixação dos juros.
A opinião é do ex-diretor do Banco Central Sérgio Werlang, diretor do Banco Itaú e criador do sistema de metas de inflação no Brasil. Para ele, no entanto, não será tão fácil Bernanke adotar no Fed esse sistema.
Antes, ele terá de convencer o "board" da instituição, o que pode levar algum tempo. "Ele vai saber convencer as pessoas do "board" de que o sistema de metas é a melhor política", diz Werlang. Bernanke é defensor do sistema, a exemplo do adotado no Brasil.
Segundo Werlang, a transparência sempre foi uma das principais características de Bernanke, que chefou o departamento de economia da Universidade de Princeton (EUA). Como diretor do Fed, entre 2002 e 2005, o novo presidente do BC promoveu algumas mudanças.
Foi por influência dele, por exemplo, que as atas das reuniões do Fed passaram a ser divulgadas num período de duração menor -antes demoravam três meses. E foi também por idéia dele que o BC americano passou a realizar projeções de inflação de longo prazo.
O mundo, no entanto, ainda vai demorar um pouco para se adaptar ao modo de trabalhar de Bernanke. Após 18 anos à frente do Fed, o estilo de Alan Greenspan, considerado o maestro da economia mundial, se tornou bastante conhecido. Seu esforço foi sempre no sentido de manter o índice de preços ao consumidor nos EUA na faixa entre 2% a 3%, sem comprometer o crescimento da economia.

ACORDE EXPORTADOR
Mais um setor a procurar o mercado externo diante da timidez das vendas domésticas, a indústria de instrumentos musicais tem ampliado a participação nas principais feiras do mundo. Uma comitiva de 17 empresas acaba de voltar da Namm Show, em Los Angeles -há dois anos, não chegava a cinco. Entre os objetivos, mostrar, por exemplo, que o produto nacional tem qualidade superior ao equivalente chinês, diz Alberto Bertolazzi, presidente da Anafim (associação dos fabricantes do setor). No fim de março, uma comitiva recorde, com mais de dez empresas, irá à MusikMesse, a maior feira do segmento, em Frankfurt. A expectativa é dobrar o US$ 1,7 milhão em negócios gerados para as companhias do país em 2005. As exportações de instrumentos musicais ficaram entre US$ 11 bilhões e US$ 11,5 bilhões em 2005, alta de quase 100%.

PDV NA BrT
A Brasil Telecom dará partida nos próximos dias a um amplo plano de demissão voluntária, o PDV. Nos corredores da empresa, fala-se que o objetivo é cortar 10% do número de funcionários. O martelo deve ser batido hoje.

OCUPAÇÃO SOBE
A consultoria Jones Lang LaSalle anuncia hoje os resultados do mercado de escritórios no Rio e em SP em 2005: a taxa de vacância caiu, e a tendência de melhora deve continuar em 2006.

LAR, DOCE LAR
A Caixa Econômica Federal voltará a realizar a maratona de financiamentos "Feirão da Casa Própria", em abril. O banco espera aplicar R$ 10,3 bilhões em operações de crédito imobiliário neste ano. No primeiro feirão de 2005, a Caixa fechou mais de R$ 1,4 bilhão em negócios, recebeu 350.608 visitantes e vendeu 5.099 imóveis. De janeiro a setembro, emprestou cerca de R$ 5 bilhões para financiamento de casas, valor que passa em 58% os empréstimos de bancos privados.

PEQUENO NO PÓDIO
O modelo Fox, da Volkswagen, levou a montadora no Brasil a alcançar seu recorde histórico em exportações no ano passado. No total, foram comercializados para o exterior, em 2005, 264.509 veículos montados, com receita de US$ 2,136 bilhões. O crescimento em volume foi de 27% sobre 2004 (208.595 veículos montados). Do total, 102.475 carros eram do modelo Fox, o campeão no ranking de exportações. Em seguida ficou o Gol, com 90.696 unidades vendidas. Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Além da Europa, os principais mercados externos da Volks do Brasil foram Argentina, México e Estados Unidos.

LIFTING
A gigante de brinquedos Mattel anunciou ontem que fará "mais mudanças dramáticas" em seu principal produto, a boneca Barbie. Segundo o "Financial Times", o presidente da empresa, Robert Eckert, prometeu as mudanças para 2007, depois que a companhia registrou queda no lucro do quarto trimestre de 2005 puxada pela redução de vendas da Barbie -que caíram 11% no mundo e 18% nos Estados Unidos. Mesmo assim, a boneca com jeito de top model continua sendo a mais vendida no mundo.

OUTRA REALIDADE
A onda de licenciamento de nomes de artistas, como pintores, músicos e escultores, resiste no Brasil. Embora Van Gogh e Picasso emprestem seus nomes no país, o do escultor brasileiro Victor Brecheret (1894-1955) ainda não emplacou, diz Wilma Bonfá, diretora da empresa de licenciamento Cabon. Ela conta ter adquirido em março de 2005 os direitos para associar a marca Brecheret e imagens de obras como o "Monumento às Bandeiras" a artigos de luxo, após acordo com a filha do artista, Sandra. Até o início do ano, não havia produto licenciado. "Temos projetos para canetas, jóias, relógios e embarcações, mas parece haver resistência das empresas daqui, algo que não existe na Europa", afirma Wilma.


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