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Para Mantega, governadores "não entenderam" o PAC
Ministro vê falta de compreensão nos pedidos feitos após lançamento do plano
Ele assume culpa pela má compreensão do programa, rechaça renegociação de dívidas estaduais e vê "bom senso" nos governadores
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem em
Londres que o pedido dos governadores para que 30% das
receitas da CPMF, o imposto
do cheque, sejam destinadas a
Estados e municípios mostra
que eles "não entenderam" o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento).
"Acho que é uma interpretação equivocada, o que eles estão
propondo não é exeqüível. Se
querem uma fatia da CPMF,
então vamos acabar com os investimentos [do PAC], não fazemos nada e dividimos [a receita]".
Em sua lista de reivindicações, divulgada anteontem, os
governadores pedem participação em receitas que custariam
no mínimo R$ 13 bilhões ao governo federal, em troca do
apoio para aprovar medidas do
PAC e a prorrogação da CPMF
e da DRU (que permite ao governo gastar livremente 20%
do Orçamento).
Mantega, que já havia acusado o governador José Serra
(SP) de não entender o PAC
após suas críticas ao programa,
disse ontem "assumir a culpa"
pela incompreensão. "Talvez
não estejamos explicando corretamente o PAC, que é sobretudo um amplo programa de
investimento nos Estados, com
todos contemplados."
Mesmo frisando que o governo "não tem flexibilidade" para
atender às reivindicações,
Mantega disse não esperar dificuldades na aprovação da prorrogação da CPMF e da DRU.
"Todos esses governadores
têm muito bom senso. Quando
pudermos detalhar os dados,
mostrar a realidade, haverá um
perfeito entendimento."
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) também disse ontem, no Rio, que o governo federal não pode ceder a Estados
e municípios R$ 9,75 bilhões da
CPMF (os 30% reivindicados).
""Nós não temos condição fiscal", disse a ministra. Sobre a
negociação com os governadores, ela disse só que a ""discussão virá no seu tempo devido"
Segundo Mantega, o governo
federal fará "tudo o que puder"
para ajudar os Estados, "desde
que isso não signifique renegociação da dívida".
"A União vive as mesmas restrições orçamentárias que os
governos estaduais. O bolo tributário é o mesmo, se você quiser dar uma fatia maior para
um vai diminuir para outro."
City
Em seu segundo dia de reuniões em Londres, ontem,
Mantega esteve no centro financeiro da capital, a City, onde conversou com representantes do mercado de capitais.
Um dos temas principais do
encontro foi a abertura do mercado de seguros brasileiro. Segundo Mantega, os investidores o questionaram sobre o modelo regulatório que será implantado no Brasil.
"Eles sugeriram que adotássemos o modelo europeu, que,
diferentemente do americano,
não exige um depósito de garantia das seguradoras."
O ministro afirmou que representantes do setor de consultoria reivindicaram a abertura do mercado brasileiro para
escritórios estrangeiros.
"Isso está na pauta da Rodada Doha. Não estamos fechados, mas exigimos reciprocidade no mercado de serviços,
além de uma abertura comercial maior dos países ricos."
Mantega almoçou com o que
chamou de "grandes banqueiros" -do HSBC, Dresdner
Bank, Deutsche Bank e Banco
do Brasil- e disse que eles demonstraram preocupação com
a aproximação de China e Índia
e uma eventual interferência
dos dois na América Latina.
Colaborou a SUCURSAL DO RIO
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