|
Texto Anterior | Índice
Indianos batem CSN em leilão de siderúrgica
Tata Steel oferece US$ 11,33 bi pelo controle da anglo-holandesa Corus e passa a disputar o 5º lugar no ranking mundial do setor
Resultado é duro golpe para brasileira, 49ª, que tentava maior internacionalização após tentativa frustrada de fusão com norte-americana
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A indiana Tata Steel derrotou ontem a brasileira CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) na disputa pelo controle
da anglo-holandesa Corus, com
um lance que superou as mais
altas previsões do mercado.
Depois de cerca de seis horas
de leilão, a Tata ofereceu US$
11,33 bilhões pela nona maior
siderúrgica do mundo, US$ 90
milhões a mais que os US$ 11,24
bilhões propostos pela CSN.
O resultado representa um
duro golpe para a empresa brasileira, que tentava impulsionar seu processo de internacionalização depois de uma frustrada tentativa de fusão com a
norte-americana Wheeling-Pittsburgh, no ano passado.
O diretor-presidente da CSN,
Benjamin Steinbruch, acompanhou o leilão de seu escritório,
em São Paulo. Representantes
das duas empresas deram os
lances em Londres, na sede do
órgão responsável pela supervisão de fusões e aquisições no
Reino Unido, chamado de "Takeover Panel". O órgão exigiu a
realização do leilão para evitar
que a disputa pelo controle da
Corus se prolongasse por muito tempo e provocasse instabilidade no mercado.
Apesar de derrotada no leilão, a CSN ganhará com a valorização de suas ações na Corus,
da qual possui 3,8%.
Durante o dia de ontem, as
ações das três empresas subiram, em uma indicação de que
os investidores viam com bons
olhos a fusão da Corus com siderúrgicas de países em desenvolvimento que possuem custos de produção mais baixos
efontes próprias de minério de
ferro -principal matéria-prima do aço. O papel da CSN terminou o dia em alta de 2,46%,
acima da valorização de 1,08%
da Bovespa. A ação da Tata subiu 1,97% e a da Corus, 0,5%,
para 566,5 pence.
Mas é possível que o mercado
reaja negativamente hoje, em
razão do alto preço que a Tata
pagará pela anglo-holandesa.
Sua oferta foi de 608 pence por
ação, bem acima do fechamento de ontem, que já era considerado elevado por analistas. A
CSN chegou até os 603 pence.
Para realizar a compra, a empresa conta com financiamento de um grupo de bancos.
Com a aquisição, a Tata deixará a 56ª colocação no ranking
dos maiores fabricantes de aço
do mundo para disputar o quinto lugar com a chinesa Baosteel. A Tata-Corus terá produção de 22,6 milhões de toneladas de aço/ano.
Disputa
A disputa pela Corus começou em outubro do ano passado, quando a Tata ofereceu 455
pence por ação da empresa
(US$ 8,48 bilhões). Em novembro, a CSN entrou na corrida,
com um lance de 475 pence. No
dia 10 de dezembro, a indianaelevou sua proposta a 500 pence
por ação. Um dia depois, a CSN
aumentou sua oferta para 515
pence por ação -aproximadamente US$ 9,6 bilhões.
Qualquer que fosse a vencedora, o negócio teria a particularidade de envolver a compra
de uma grande empresa por outra bem menor, originária de
um país em desenvolvimento.
Segundo dados de 2005, a
Corus está em nono lugar no
ranking das maiores siderúrgicas, com produção de 18,2 milhões de toneladas de aço/ano.
A CSN ocupa a 49ª colocação,
com 5,2 milhões de toneladas, e
a Tata, a 56ª, com 4,4 milhões
de toneladas.
O leilão de ontem começou
com a Tata elevando sua oferta
para 520 pence por ação (US$
9,69 bilhões). As regras previam nove rodadas, entre as
quais o preço deveria aumentar
no mínimo 5 pence em relação
à maior oferta anterior.
A fusão entre a Tata e a Corus
trará ganhos operacionais para
as duas empresas. No caso da
anglo-holandesa, a principal
vantagem será a redução de
seus custos, graças ao fornecimento de minério de ferro diretamente pela indiana.
Os altos custos da Corus se
refletem em suas baixas margens de lucro. A margem Ebitda, que dá a medida da rentabilidade, foi de 10,5% em 2005,
bem abaixo dos 46% obtidos
pela CSN e dos 43% da Tata obtidos no mesmo período.
A corrida entre a CSN e a Tata fazia parte do processo de
consolidação mundial do setor
siderúrgico, do qual o maior
exemplo foi a fusão da Mittal
Steel com a Arcelor.
Fechada em junho do ano
passado, a operação envolveu
US$ 38,3 bilhões e criou o
maior fabricante de aço do
mundo. A produção conjunta
da Mittal e da Arcelor em 2005
foi de 109,7 milhões de toneladas/ano, o equivalente a 10%
do total mundial.
Texto Anterior: Risco: Brasil é vulnerável, afirma consultoria Índice
|