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EUA prometem revisar proteção ao aço
Casa Branca, porém, não dá detalhes do que fará com medida que impõe que obras do pacote de US$ 819 bi usem produto americano
Lula diz que protecionismo neste momento irá agravar a crise e que países ricos não devem esquecer obrigações com livre comércio no mundo
DA REDAÇÃO
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM
Com as pressões de governos
estrangeiros e até de companhias norte-americanas, a Casa
Branca afirmou ontem que o
presidente Barack Obama irá
revisar o "Buy America", o artigo do pacote de US$ 819 bilhões
aprovado pelos deputados que
exige que o aço usado nas obras
do plano tenha sido produzido
nos Estados Unidos.
Porém, a Casa Branca não
deu detalhes do que Obama fará caso a proposta seja aprovada pelo Senado (onde medidas
ainda mais protecionistas são
discutidas) nem se o governo
era a favor ou contra a medida
-o vice-presidente Joe Biden
afirmou anteontem que discorda dos que consideram o plano
"um arauto do protecionismo".
Em declaração a jornalistas
em Washington, o porta-voz da
Casa Branca, Robert Gibbs, disse entender "todas as preocupações que foram ouvidas, não
apenas nesta sala, mas em jornais produzidos tanto no norte
como no sul".
Desde que a Câmara dos Representantes votou na quarta-feira o pacote de estímulo à
economia de US$ 819 bilhões
(incluindo a ajuda ao setor siderúrgico), surgiram críticas
dos governos de Austrália e Canadá e da Comissão Europeia
(o braço executivo do bloco de
27 países), além de várias empresas americanas que temem
que propostas semelhantes sejam adotadas no exterior.
"Como 95% dos consumidores mundiais vivem foram dos
EUA, os trabalhadores americanas seriam os primeiros a sofrer quando o "Buy America" detonar retaliação de outros países", disse Chris Braddock, da
Câmara de Comércio dos EUA.
Um dos pontos do documento de 647 páginas proposto pelos deputados democratas
(partido de Obama) estabelece
que o aço usado nas obras do
pacote tenha sido produzido
nos Estados Unidos, com algumas poucas exceções, como se
não houver quantidade ou qualidade suficiente ou se a inclusão do produto local fizer com
que o custo total da obra aumente mais de 25%.
O texto aprovado pelos deputados ainda precisa ser discutido pelo Senado, que negocia
uma proposta ainda mais radical: todas as obras do pacote terão que usar equipamentos e
produtos fabricados nos EUA.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também criticou ontem a medida que dá preferência, nas compras estatais, a produtos dos EUA -o que prejudica diretamente ao Brasil. "Se isso é verdade [as medidas aprovadas], é um equívoco a gente
entender que o protecionismo
resolve o problema da crise. O
protecionismo neste momento
vai agravar a crise."
O presidente disse que os
países ricos não devem esquecer sua responsabilidade com o
livre comércio. "É importante
que os países ricos não esqueçam nunca que foram eles que
inventaram essa tal de globalização, a história de que o comércio poderia fluir livremente pelo mundo, na época em
que eles estavam crescendo e
queriam vender", afirmou.
Neste momento, segundo
Lula, "não seria justo esquecer
os discursos" por estarem em
crise e passar a adotar medidas
protecionistas. "Se cada país
resolver colocar um muro em
volta de si e achar que não precisa de mais nada, a crise vai
piorar", concluiu o presidente.
Em 2007, o Brasil exportou
US$ 1,296 bilhão em produtos
siderúrgicos para os EUA, o que
representou 19,6% das vendas
externas do setor naquele ano,
de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia.
Com agências internacionais
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