São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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Eletrobrás tem lucro 70% menor em 2003

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Eletrobrás teve lucro de R$ 323 milhões em 2003. Influenciado pelo queda do dólar, o resultado é 70% menor do que o do registrado em 2002 (R$ 1,1 bilhão).
Por conta do fraco crescimento econômico em 2003 e do preço mais baixo, a receita obtida com a venda de energia subiu apenas 1,7% -de R$ 16,996 bilhões em 2002 para R$ 17,276 bilhões no ano passado.
Segundo o diretor financeiro da Eletrobrás, José Drumond Saraiva, o principal motivo para a redução do lucro foi a desvalorização do dólar, que fez cair o resultado financeiro da companhia. Em 2002, o câmbio contribuiu positivamente com R$ 7,532 bilhões no resultado da empresa. Já em 2003, o impacto foi negativo em R$ 3,711 bilhões.
A Eletrobrás capta recursos no exterior em dólar e repassa às suas controladas, funcionando como uma espécie de banco. Quando o dólar cai, seu lucro é menor. Além disso, a Eletrobrás tem a receber US$ 6 bilhões de Itaipu (corrigidos pela variação do dólar), ainda da época da construção da usina.
O dólar mais baixo -R$ 2,89 ao final de 2003, contra R$ 3,56 em dezembro de 2002- reduziu o endividamento das controladas da Eletrobrás, o que fez crescer o lucro delas. Com isso, Furnas e Chesf obtiveram os maiores lucros de suas histórias: R$ 1,1 bilhão e R$ 816,6 milhões, respectivamente. A Eletronorte e a Eletronuclear reduziram suas perdas.

Renegociações
Também contribuiu positivamente no balanço da Eletrobrás a renegociação de cerca de R$ 1 bilhão em dívidas de duas distribuidoras -CEB (Brasília) e Celg (Goiás)- com as subsidiárias Furnas e Itaipu. Os débitos se referem à aquisição de energia e estavam provisionados no balanço.
O grupo Eletrobrás tem ainda um problema a resolver: a inadimplência da AES/Eletropaulo, que chega a R$ 372 milhões. A maior parte da dívida já havia sido provisionada em 2002.
Para Saraiva, a Eletropaulo resolverá o problema "nos próximos dias", quando deverá receber recursos do Tesouro, a serem repassados pelo BNDES. Em 2003, distribuidoras abriram mão de parte do reajuste tarifário vinculado ao dólar tendo como contrapartida esse financiamento.
No quarto trimestre de 2003, a Eletrobrás teve um lucro de R$ 1,15 bilhão, o que possibilitou a companhia inverter uma perda acumulada de R$ 828 milhões até o terceiro trimestre.
Para 2004, a Eletrobrás estima investir R$ 4,3 bilhões com recursos próprios. No ano passado, os investimentos somaram R$ 2,9 bilhões, apesar de a previsão orçamentária ter sido maior: R$ 3,7 bilhões. Mais uma vez, o presidente da companhia, Luiz Pinguelli Rosa, reclamou do esforço que a estatal fez para contribuir para a meta de superávit primário, dizendo que discutirá a questão com o governo. Segundo ele, o grupo Eletrobrás contribuiu com R$ 4,7 bilhões em 2003, considerando também o esforço de Itaipu (US$ 1,1 bilhão, o que representa cerca de 80% da receita da usina).

Esforço
Para 2004, o presidente da estatal afirmou que o "esforço previsto é da mesma ordem de grandeza", o que afeta a capacidade de investimentos da estatal.
Ainda em 2004, a Eletrobrás fará um aumento de capital com recursos próprios, no valor de R$ 3 bilhões, por meio da emissão de ações. Os papéis servirão para quitar uma dívida cuja origem foi um empréstimo compulsório cobrado de 1983 a 1993 para expandir o sistema elétrico brasileiro.
Terão direito a ações da companhia grandes consumidores industriais, que recolheram o compulsório na época.


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