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Eletrobrás tem lucro 70% menor em 2003
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Eletrobrás teve lucro de R$
323 milhões em 2003. Influenciado pelo queda do dólar, o resultado é 70% menor do que o do registrado em 2002 (R$ 1,1 bilhão).
Por conta do fraco crescimento
econômico em 2003 e do preço
mais baixo, a receita obtida com a
venda de energia subiu apenas
1,7% -de R$ 16,996 bilhões em
2002 para R$ 17,276 bilhões no
ano passado.
Segundo o diretor financeiro da
Eletrobrás, José Drumond Saraiva, o principal motivo para a redução do lucro foi a desvalorização do dólar, que fez cair o resultado financeiro da companhia.
Em 2002, o câmbio contribuiu
positivamente com R$ 7,532 bilhões no resultado da empresa. Já
em 2003, o impacto foi negativo
em R$ 3,711 bilhões.
A Eletrobrás capta recursos no
exterior em dólar e repassa às suas
controladas, funcionando como
uma espécie de banco. Quando o
dólar cai, seu lucro é menor. Além
disso, a Eletrobrás tem a receber
US$ 6 bilhões de Itaipu (corrigidos pela variação do dólar), ainda
da época da construção da usina.
O dólar mais baixo -R$ 2,89 ao
final de 2003, contra R$ 3,56 em
dezembro de 2002- reduziu o
endividamento das controladas
da Eletrobrás, o que fez crescer o
lucro delas. Com isso, Furnas e
Chesf obtiveram os maiores lucros de suas histórias: R$ 1,1 bilhão e R$ 816,6 milhões, respectivamente. A Eletronorte e a Eletronuclear reduziram suas perdas.
Renegociações
Também contribuiu positivamente no balanço da Eletrobrás a
renegociação de cerca de R$ 1 bilhão em dívidas de duas distribuidoras -CEB (Brasília) e Celg
(Goiás)- com as subsidiárias
Furnas e Itaipu. Os débitos se referem à aquisição de energia e estavam provisionados no balanço.
O grupo Eletrobrás tem ainda
um problema a resolver: a inadimplência da AES/Eletropaulo,
que chega a R$ 372 milhões. A
maior parte da dívida já havia sido provisionada em 2002.
Para Saraiva, a Eletropaulo resolverá o problema "nos próximos dias", quando deverá receber
recursos do Tesouro, a serem repassados pelo BNDES. Em 2003,
distribuidoras abriram mão de
parte do reajuste tarifário vinculado ao dólar tendo como contrapartida esse financiamento.
No quarto trimestre de 2003, a
Eletrobrás teve um lucro de R$
1,15 bilhão, o que possibilitou a
companhia inverter uma perda
acumulada de R$ 828 milhões até
o terceiro trimestre.
Para 2004, a Eletrobrás estima
investir R$ 4,3 bilhões com recursos próprios. No ano passado, os
investimentos somaram R$ 2,9
bilhões, apesar de a previsão orçamentária ter sido maior: R$ 3,7 bilhões. Mais uma vez, o presidente
da companhia, Luiz Pinguelli Rosa, reclamou do esforço que a estatal fez para contribuir para a
meta de superávit primário, dizendo que discutirá a questão
com o governo. Segundo ele, o
grupo Eletrobrás contribuiu com
R$ 4,7 bilhões em 2003, considerando também o esforço de Itaipu
(US$ 1,1 bilhão, o que representa
cerca de 80% da receita da usina).
Esforço
Para 2004, o presidente da estatal afirmou que o "esforço previsto é da mesma ordem de grandeza", o que afeta a capacidade de
investimentos da estatal.
Ainda em 2004, a Eletrobrás fará um aumento de capital com recursos próprios, no valor de R$ 3
bilhões, por meio da emissão de
ações. Os papéis servirão para
quitar uma dívida cuja origem foi
um empréstimo compulsório cobrado de 1983 a 1993 para expandir o sistema elétrico brasileiro.
Terão direito a ações da companhia grandes consumidores industriais, que recolheram o compulsório na época.
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