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TROCA DE COMANDO
Novo ministro afirma que será o "principal defensor" do cumprimento da meta de superávit primário
Mantega quer cortar gasto para reduzir juro
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de tranqüilizar o
mercado, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, disse ontem que
será o principal defensor do cumprimento do ajuste fiscal e adiantou que pretende reduzir gastos.
Segundo ele, a redução de despesas facilita a queda da taxa de juros, mas é preciso "zelar" pelos
programas sociais do governo.
Analistas de mercado têm mostrado preocupação com as contas
públicas e temem que Mantega
seja um "ministro gastador". Diferentemente de seu antecessor,
Antonio Palocci Filho, que defendia um programa de ajuste fiscal
de longo prazo, o novo comandante da Fazenda rejeita a idéia.
Na terça-feira, dia de sua posse,
ele afirmou que o Brasil já tem
uma política fiscal austera.
Em rápida entrevista na saída
do Ministério da Fazenda ontem,
Mantega adotou, no entanto, um
discurso mais em linha com as
posições de Palocci. "Não deve
haver nenhuma preocupação
com a questão fiscal porque cumpriremos rigorosamente a meta
de superávit primário. Eu serei o
principal defensor do cumprimento dessa meta. A redução de
gastos facilita a queda dos juros.
Portanto, nós devemos zelar para
que isso aconteça", disse.
A meta de superávit primário
do setor público para este ano é de
4,25% do PIB (Produto Interno
Bruto). No ano passado, a União,
os Estados, os municípios e as estatais economizaram R$ 93.505
bilhões para o pagamento de juros, equivalente a 4,83% do PIB.
Prática
O ministro lembrou que durante sua passagem de dois anos pelo
Ministério do Planejamento promoveu um corte de gastos no Orçamento equivalente a R$ 14 bilhões. "Então eu tenho prática em
fazer redução de despesas. Não há
a menor preocupação em relação
a isso. Cumpriremos a meta. Entregarei esse serviço e essa é uma
função básica desse ministério",
declarou, rechaçando o carimbo
de "ministro gastador".
Mantega afirmou que fará uma
análise detalhada de todos os gastos do governo para levantar
aquilo que possa ser cortado. Ele
fez questão de esclarecer, porém,
que as despesas com programas
sociais devem ser poupadas. "Temos que zelar pelos programas
sociais e, ao mesmo tempo, cortar
todos os gastos que possam ser reduzidos", afirmou.
Apesar do empenho do ministro no corte de gastos, por enquanto, o governo não tem sequer
Orçamento para poder enxugá-lo. O Congresso ainda não aprovou a lei orçamentária deste ano.
Se aprová-lo como está, a expectativa é que o Executivo tenha de
fazer um corte de R$ 10 bilhões a
R$ 15 bilhões nas despesas.
O Congresso reestimou as receitas para 2006 e elevou em R$ 15 bilhões a previsão de arrecadação
deste ano. Com base nisso, expandiu os gastos do governo federal.
Salário mínimo
O aumento do salário mínimo,
cujo impacto mais significativo é
nas despesas da Previdência, absorverá quase um terço desses recursos adicionais. Como o Executivo não poderá contingenciar os
gastos da Previdência (são obrigatórios), terá de reduzir despesas
com obras e programas.
Ontem, Mantega deu posse à
nova presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda
Ramos Coelho. Na cerimônia, o
ministro destacou que o governo
vem ampliando o crédito para habitação, saneamento básico, à
produção e ao investimento.
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