São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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Mercado tem dia calmo, e dólar cai

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os nomes escolhidos pelo novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para os postos que estavam vagos em seu ministério vão ajudar a tranqüilizar o mercado financeiro, avaliam analistas.
A Bovespa, que estava aberta quando foram anunciados Carlos Kawall como secretário do Tesouro Nacional e Bernard Appy como secretário-executivo do Ministério, fechou com valorização de 0,76%.
Com o mercado menos tenso em relação às mudanças no Ministério da Fazenda, o dólar encontrou espaço para recuar 1,13%. A moeda norte-americana terminou o dia vendida a R$ 2,189 -o mercado de câmbio estava fechado quando Mantega fez o anúncio.
"Foi uma decisão boa a desses nomes para ocupar as vagas. O Kawall é conhecido, com bom trajeto no mercado. [A decisão] vai ajudar a minimizar a recente tensão", diz Adauto Lima, economista do banco WestLB.
A recente apreciação do dólar -que havia subido 2,79% nos primeiros três dias da semana- atraiu investidores e exportadores interessados em aproveitar a cotação mais elevada, o que favoreceu o recuo do real ontem.
No mês, o dólar ainda registra valorização acumulada de 2,39%.
Carlos Alberto Abdalla, diretor de câmbio da corretora Souza Barros, afirma que "internamente os ânimos se acalmaram um pouco". "O [ministro] Mantega parece estar preocupado [com a reação do mercado]. Provavelmente a decisão de adiar a reunião do CMN [Conselho Monetário Nacional] teve o intuito de acalmar os investidores."
A permanência de Henrique Meirelles, com sua equipe, no comando do Banco Central trouxe mais confiança aos investidores, no que se refere à continuidade da atual política monetária.
Esse clima menos tenso teve resposta também do mercado futuro de juros. No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as taxas dos contratos mais negociados tiveram importante recuo.
No DI -Depósito Interfinanceiro, que mostra as projeções para os juros- com vencimento em janeiro de 2008, a taxa caiu de 14,81% para 14,67%. No contrato com resgate na virada do ano, a taxa projetada recuou de 15,07% para 14,99% anuais.
O número de contratos DI negociados ontem na BM&F teve aumento de 12%, superando os 638 mil papéis.
"Mas permanece a preocupação com o cenário externo. Qualquer elevação mais brusca nos juros americanos será sentida imediatamente por aqui", diz Abdalla.
Há cerca de 20 dias, os ativos brasileiros têm refletido negativamente as incertezas em relação ao futuro das taxas de juros nos EUA. Nos momentos em que as taxas nos países desenvolvidos se elevam, tendem a atrair capitais que estão investidos em títulos, ações e moedas de emergentes.

Compra de dólares
O BC comprou US$ 3,074 bilhões no mercado de câmbio neste mês, segundo dado parcial que considera as operações fechadas até a sexta passada. Ao todo, desde janeiro de 2004, US$ 34,7 bilhões já foram adquiridos pelo BC para reforçar as reservas em moeda estrangeira do governo.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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