MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada brasileiro pagou R$ 3.987 em tributos no ano passado aos governos federal, estaduais e municipais. Com essa carga tributária per capita -média por habitantes-, a arrecadação de tributos somou R$ 732,87 bilhões em 2005. Resultado: a carga tributária alcançou novo recorde, de 37,82% do PIB, ou 1,02 ponto percentual superior aos 36,80% de 2004.
Os números da carga tributária foram calculados ontem pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) a partir do PIB divulgado pelo IBGE. Nos últimos oito anos, a carga caiu apenas em 2003 -e mesmo assim apenas 0,3 ponto.
Os contribuintes pagaram R$ 2,008 bilhões em tributos em cada um dos 365 dias de 2005. Isso resultou em R$ 83,66 milhões por hora, R$ 1,394 milhão por minuto ou R$ 23,24 mil por segundo.
Segundo o advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT, o Brasil tem carga tributária maior do que 13 países -entre os 16 que compõem as maiores economias. Apenas França (43,7%) e Itália (42,2%) têm cargas maiores (Suécia e Noruega tributam mais, mas têm economias menores).
Amaral lembra que a promessa do governo Lula foi manter a carga no mesmo nível da de 2002, último ano do governo FHC. Mas os 37,82% de 2005 estão 1,98 ponto acima dos 35,84% de 2002.
Segundo o presidente do IBPT, o governo Lula não cumprirá a promessa neste ano. Isso porque, pelos cálculos de Amaral, a carga deste ano vai cair, mas retornará, no máximo, aos 36,80% de 2004.
Mesmo com a queda da carga em relação ao PIB, as pessoas não pagarão menos tributos neste ano. Um dos motivos é que, como as exportações estão crescendo muito, ocorre maior taxação nos produtos que ficam no mercado interno (as exportações não pagam PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS).
A conseqüência é que as empresas e pessoas físicas que dirigem suas atividades para dentro do país têm assumido carga maior em relação ao PIB. Segundo o IBPT, essa carga foi de 40,65% do PIB em 2005 (40,44% em 2004).
Amaral diz que, enquanto a carga em relação ao PIB total cresceu 8,9 pontos de 1995 a 2005 (de 38,92% para 37,82%), a carga sobre o mercado interno (excluídas as exportações) avançou 10,65 pontos (de 30% para 40,65%).
Os brasileiros trabalharam 140 dias em 2005 (até 20 de maio) só para só para pagar tributos ao governo. Neste ano terão de trabalhar até 25 de maio -ou 145 dias.


Texto Anterior: Saiba mais: Pelo poder de compra, Brasil fica em 9º lugar
Próximo Texto: Investimento chega a 19,6%
Índice