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Telebrás tem prejuízo, 9 anos após venda
Estatal federal ainda sobrevive, com 263 funcionários; funções da empresa são pagar dívidas e ceder pessoal para a Anatel
Presidente da estatal afirma que "resultado é fruto do processo de privatização, da
privataria'; perda em 2006 chega a R$ 260 milhões
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Telebrás fechou 2006 com
um prejuízo de R$ 260 milhões.
Após quase nove anos de privatização do setor de telefonia, a
estatal federal ainda sobrevive,
com 263 empregados. Suas
funções são pagar dívidas e ceder pessoal para o funcionamento da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
"Esse resultado é fruto do
processo de privatização, da
privataria", afirma o atual presidente da estatal, Jorge da
Motta e Silva. Segundo ele,
quando as concessionárias de
telefonia fixa foram vendidas, o
valor das dívidas deveria ter sido abatido do preço, ou então o
governo deveria ter providenciado um fundo só para isso.
A Telebrás é ré em 812 ações
(441 trabalhistas, 370 cíveis e
uma tributária). Essas ações representam um risco potencial
total de R$ 257 milhões. "Isso é
o esqueleto da privatização",
diz Motta e Silva. Desse total,
R$ 175 milhões são considerados riscos prováveis, R$ 48 milhões são riscos possíveis e R$
34 milhões são riscos remotos.
Apesar da grande quantidade
de ações movidas contra a estatal e do risco potencial que elas
geram, a empresa vinha apresentando resultado positivo
nos últimos anos. Em 2005, por
exemplo, teve lucro de R$ 8,2
milhões. A fonte de receitas da
empresa é a aplicação no mercado dos recursos que existiam
em caixa antes da privatização.
Piora
Um fator que contribuiu para
o prejuízo registrado no ano
passado foi o pagamento de
uma dívida com a empresa VT-UM. Em 1994, essa empresa tinha um contrato com a então
estatal Embratel para, por meio
do serviço 0900, oferecer a telespectadores a oportunidade
de participar de programas de
TV, opinando e concorrendo a
prêmios. As ligações eram cobradas.
A pendência judicial entre a
VT UM e a Telebrás (então controladora da Embratel) começou porque a empresa alegou
ter dificuldade de receber recursos das concessionárias de
telefonia, como Telerj e Telesp,
subordinadas à Telebrás.
A VT-UM informou a Embratel de que havia falta de um
método eficiente de cobrança
dos valores das promoções já
realizadas e não havia o repasse
das quantias arrecadadas.O
problema levou ao fim do contrato entre a VT UM e a Embratel. Com o fim do contrato, a
empresa entrou na Justiça alegando "lucros cessantes".
No ano passado, houve ganho
de causa para a VT-UM. A Telebrás teria que pagar aproximadamente R$ 500 milhões. A
empresa fez acordo e se comprometeu a pagar R$ 95,5 milhões e ceder créditos de ações
nas quais a estatal está cobrando dívidas de outras empresas.
O problema da VT UM foi polêmico. Na ocasião em que a
Telebrás fechou o acordo, a revista "IstoÉ" publicou reportagem informando que o governo
poderia ter recorrido e não o
fez. A revista informou que o
dono da VT UM, Uajdi Menezes Moreira, era amigo de Hélio
Costa (Comunicações).
Na ocasião, o ministro não
negou ser amigo de Moreira,
mas disse que não tinha ligação
com a ação e que a Telebrás não
tinha mais chance de recurso.
O balanço 2006 da Telebrás
indica que 255 dos seus 263
funcionários estão cedidos à
Anatel. De acordo com a agência, o número mais atual de
funcionários da Telebrás na
Anatel é de 208, dentro de um
quadro total de 1.672. Para
Motta e Silva, os funcionários
da Telebrás são muito importantes para a agência reguladora, por terem mais experiência.
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