São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Número de importadoras cresce mais rápido em 2008

Em janeiro, 1.935 novas empresas importaram, quase 50% do acréscimo em 2007 inteiro

Dólar em queda, aumento do consumo doméstico e capacidade limitada de setores levam empresas a comprar mais do exterior

César Araújo/"Diário do Amazonas"
Mercadorias importadas em armazém na Zona Franca (AM)


LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O dólar em queda, a expansão da economia e a capacidade limitada de alguns setores da indústria em atender ao consumo estão servindo de impulso a uma forte ampliação no número de empresas que passam a comprar produtos no exterior.
Somente em janeiro, mês típico de baixa atividade, 1.935 novas empresas passaram a fazer operações de importação. Esse acréscimo representa quase a metade do crescimento ocorrido em todo o ano passado, quando houve crescimento de 4.339 no total de empresas importadoras, conforme dados da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) e do Ministério do Desenvolvimento.
O aumento é, em parte, causa da expressiva elevação das importações no início deste ano. De janeiro até a segunda semana de março, as compras feitas em outros países avançaram 50% pela média diária das encomendas, atingindo US$ 30,6 bilhões, contra US$ 18,8 bilhões em igual período de 2007.
Entre os itens mais adquiridos no exterior constam produtos siderúrgicos e farmacêuticos, insumos para a fabricação de fertilizantes, máquinas e equipamentos, automóveis, componentes elétricos, aparelhos eletroeletrônicos, cereais, combustíveis e lubrificantes.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, associa esse impulso ao maior investimento feito pelo setor industrial na ampliação e na construção de novas fábricas e ao interesse de estrangeiros em estabelecer negócios no país. Ele lembra que, em 2007, o investimento estrangeiro direto alcançou a cifra recorde de US$ 34,5 bilhões e que somente em janeiro esse tipo de inversão somou US$ 4,8 bilhões.
"Há casos de transferências de fábricas inteiras para o Brasil", disse ao se referir, especificamente, ao setor químico, sem informar o nome da empresa.
Welber Barral considera que a tendência é a de ampliação no número de importadores, mas não nos níveis verificados em janeiro. Entre os motivos, cita a conclusão de investimentos e o efeito das recentes medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda para conter a desvalorização da moeda americana.
De acordo com a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), a importação total feita pelas indústrias químicas em janeiro foi de US$ 2,6 bilhões, 48% maior na comparação com igual mês do ano passado. O diretor de comércio exterior da entidade, Renato Endres, lembra que fabricantes estabelecidos estão recorrendo ao exterior porque as indústrias de fertilizantes estão sem condições de elevar a produção e porque faltam matérias-primas, a exemplo do cloreto de potássio, que é usado na fabricação de defensivos agrícolas.
Para o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, a alta das importações se deve à combinação do dólar fraco com o mercado interno aquecido. Considera que parte das compras feitas no exterior é conseqüência da decisão de empresários de diferentes setores de substituir o fornecedor nacional pelo estrangeiro. "Não é o caso de falar em desindustrialização, mas, pouco a pouco, essa semente está sendo plantada."


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Exportação de manufaturados sente a crise
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.