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Comércio global pára de crescer na passagem do ano
Expansão no trimestre encerrado em janeiro foi de 0,2%, contra taxa de 6,9% nos três meses até outubro passado
Números compilados por instituto holandês mostram que força dos emergentes não tem sido suficiente para compensar "freada" dos EUA
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Enquanto se discute se os
EUA estão ou não em recessão,
o mundo bota o pé no freio do
comércio. Um novo estudo
mostra que o volume de transações entre países praticamente
parou de crescer na virada do
ano. O motivo principal é a desaceleração das economias
americana e européia.
Segundo os indicadores do
Escritório de Análise da Política Econômica, na Holanda, nos
três meses até janeiro de 2008,
o comércio mundial cresceu
apenas 0,2% na comparação
com o mesmo período, um ano
antes. É uma queda significativa em relação ao trimestre anterior, quando o comércio havia crescido 6,9%, no início da
crise imobiliária nos EUA.
Além de confirmar os efeitos
globais da crise, os números do
instituto mostram que o bom
desempenho dos emergentes
não está sendo suficiente para
compensar a desaceleração
americana, como torciam alguns países industrializados.
Recentemente, o presidente do
Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse que confiava na demanda interna dos
emergentes para "reequilibrar"
a economia mundial.
Para o economista Wim Suyker, um dos coordenadores do
estudo, embora sofra influência de fatores sazonais, como o
inverno na China, os primeiros
números do ano revelam clara
tendência de queda no comércio mundial. "Estamos vendo
que a desaceleração nos EUA
teve reflexos no volume do comércio como um todo", afirmou Suyker à Folha. Ele usou
números fornecidos pelos países para chegar ao indicador,
que é monitorado pelo FMI.
O instituto prevê que o comércio global em 2008 crescerá 4,5%, depois de detectar expansões bem maiores em 2007 (7,1%) e 2006 (9,8%). Em outra
demonstração de que não há
imunidade à crise, Suyker disse
que, nos cálculos do instituto, o
aumento do comércio dos países emergentes deve sofrer nos
primeiros meses do ano. A previsão é de um volume de transações até 12% menor.
No fim de 2007, quando já se
vislumbrava uma crise grave
nos EUA, a OMC (Organização
Mundial do Comércio) já dava
mostras de que as transações
entre os países estava sendo
afetada. Depois de prever um
crescimento de 6% no comércio, a OMC reconheceu que o
índice era alto demais e o revisou para não mais de 5,5%.
Diante da tendência de queda, Suyker diz que já não é improvável uma retração do comércio nos próximos meses. A última vez que isso ocorreu foi
em 2001, época da recessão que
se seguiu ao estouro da bolha
de tecnologia nos EUA e aos
ataques do 11 de Setembro.
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