São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Agência que elevou classificação do Brasil sugere reformas e menos dívida

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil entrou para o seleto grupo de países considerados seguros para investimentos financeiros da agência Fitch Ratings, mas uma nova melhora na avaliação poderá tardar algum tempo. Dependerá essencialmente de o país reduzir seu endividamento público e de retomar a agenda de reformas estruturais para promover um ritmo maior de crescimento da economia, disse ontem Shelly Shetty, diretora-sênior de ratings soberanos da agência, que elevou o país ao grau de investimento anteontem -há um mês, a Standard & Poor's já havia dado a mesma promoção.
"Enfatizamos que o Brasil deve melhorar a estrutura das finanças do setor público [para ter um novo "upgrade']", disse Shetty, em teleconferência.
Segundo a Fitch, a dívida brasileira está na casa de 67% do PIB, enquanto os demais países com a mesma avaliação, como Peru e Índia, têm um endividamento médio de 28%. Por isso, o país tem ainda um longo caminho para percorrer.
"Outro limitador para o "rating" diz respeito à agenda de reformas, que parece esquecida pelos políticos. O ambiente econômico favorável diminuiu o "apetite" pelas reformas, especialmente as ligadas à independência do BC, a trabalhista e a do sistema previdenciário. Essas reformas macroeconômicas, com certeza, devem assegurar um maior e mais estável crescimento. Tudo isso seria visto de forma positiva."
A executiva destacou a importância do relativo período de estabilidade política pelo qual passa o país, "apesar de escândalos" de corrupção que aparecem no noticiário.
"Há uma grande confiança de que, qualquer um que vença as eleições em 2010, as políticas [fiscais] devem continuar."
A diretora da Fitch reconheceu que o Brasil se manteve relativamente firme nos nove meses de crise financeira internacional. Afirmou que o acúmulo de reservas, que estão atualmente na casa de US$ 200 bilhões, trouxe benefícios que justificam os altos custos para mantê-las.


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