São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Gás sobe até 18% para domicílios em SP

Aumento para as indústrias chega a 36% no Estado de São Paulo, e Fiesp prevê repasse integral para os consumidores

Escalada do petróleo e aceleração do IGP-M foram as razões do aumento autorizado para duas das três distribuidoras de SP


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O preço do gás natural consumido em domicílios do Estado de São Paulo sobe entre 16,96% e 17,76% a partir de hoje na área atendida pela Comgás, a maior distribuidora do país. Estimativa da concessionária indica que a conta para um consumo de 8 metros cúbicos por dia subirá R$ 3,90. Além de pagar mais, o consumidor também deverá arcar com o reajuste dado para a indústria. O setor industrial diz que repassará integralmente o reajuste do gás natural para os preços.
A escalada do preço do petróleo no mercado internacional é a principal razão alegada para o reajuste recorde do gás, cujo preço é balizado pela variação de uma cesta de óleos combustíveis. O aumento se tornou ainda maior devido à aceleração do IGP-M (8,83%) no período de 12 meses de referência para o reajuste. O aumento acaba de vez com a promessa da Petrobras de manutenção de preços competitivos do gás natural para o consumidor final.
Segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), nichos em que o consumo está elevado serão os mais impactados com os repasses.
A indústria abastecida pela Comgás receberá a partir de hoje reajustes entre 22,73% a 36,08%. O reajuste para os consumidores industriais da distribuidora Gás Natural São Paulo Sul, que atende o sul do Estado, irá variar de 19,43% a 25,87%. A variação é determinada pelo volume de gás consumido.
A construção civil deverá sentir o reajuste do gás natural integralmente. As indústrias do vidro e do revestimento cerâmico, grandes consumidoras de gás, irão repassar todo o reajuste. "Setores que passam por momento de forte demanda e que tenham o gás como parte importante para formação de custo não irão segurar um reajuste desse tamanho", disse Saturnino Silva, diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp.
O pólo cerâmico de Santa Gertrudes, na região de Rio Claro (SP), deverá ser um dos mais atingidos pelo reajuste do gás. O insumo representa 20% do custo de produção. "Estamos num beco sem saída. Não temos outra alternativa. Vamos repassar aos preços tudo o que for possível", antecipa João Oscar Bergstron, presidente da Associação Paulista de Cerâmica de Revestimento.
O pólo de Santa Gertrudes é o maior do segmento no país, responde pela produção de 67% de todo o revestimento cerâmico consumido no Brasil.
Além do reajuste, o setor enfrenta um problema ainda mais sério: a falta de gás. Projetos de expansão da capacidade foram suspensos. A Fiesp tem cobrado a oferta de combustível para São Paulo. "A questão do preço está relacionada ao mercado internacional, não há o que fazer. Mas o país pode ampliar a produção própria de gás para depender menos das importações. Estamos organizando uma cobrança da Petrobras", diz Silva, da Fiesp. A entidade cobra a ampliação de 11% ao ano na oferta de gás para São Paulo prometida pela estatal a Fiesp no ano passado. A Petrobrás já afirmou que não "tem registrado" essa promessa.
Sem gás para ofertar à indústria, a Comgás se concentrou na expansão do mercado residencial.O impacto para os consumidores do Gás Natural Veicular será o maior de todos. Na área da Comgás, o reajuste nos postos será de 40%. Na área da Gás Natural São Paulo Sul, o aumento autorizado será de 30,37%. A Associação Brasileira do GNV avalia que o preço do metro cúbico de gás na capital será 25% maior. A alta deverá sedimentar a diminuição na conversão de motores para gás.


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