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Gás sobe até 18% para domicílios em SP
Aumento para as indústrias chega a 36% no Estado de São Paulo, e Fiesp prevê repasse integral para os consumidores
Escalada do petróleo e aceleração do IGP-M foram as razões do aumento autorizado para duas das três distribuidoras de SP
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O preço do gás natural consumido em domicílios do Estado de São Paulo sobe entre
16,96% e 17,76% a partir de hoje
na área atendida pela Comgás,
a maior distribuidora do país.
Estimativa da concessionária
indica que a conta para um consumo de 8 metros cúbicos por
dia subirá R$ 3,90. Além de pagar mais, o consumidor também deverá arcar com o reajuste dado para a indústria. O setor
industrial diz que repassará integralmente o reajuste do gás
natural para os preços.
A escalada do preço do petróleo no mercado internacional é
a principal razão alegada para o
reajuste recorde do gás, cujo
preço é balizado pela variação
de uma cesta de óleos combustíveis. O aumento se tornou
ainda maior devido à aceleração do IGP-M (8,83%) no período de 12 meses de referência
para o reajuste. O aumento acaba de vez com a promessa da
Petrobras de manutenção de
preços competitivos do gás natural para o consumidor final.
Segundo a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), nichos em que o consumo está elevado serão os mais
impactados com os repasses.
A indústria abastecida pela
Comgás receberá a partir de
hoje reajustes entre 22,73% a
36,08%. O reajuste para os consumidores industriais da distribuidora Gás Natural São Paulo
Sul, que atende o sul do Estado,
irá variar de 19,43% a 25,87%. A
variação é determinada pelo
volume de gás consumido.
A construção civil deverá
sentir o reajuste do gás natural
integralmente. As indústrias do
vidro e do revestimento cerâmico, grandes consumidoras
de gás, irão repassar todo o reajuste. "Setores que passam por
momento de forte demanda e
que tenham o gás como parte
importante para formação de
custo não irão segurar um reajuste desse tamanho", disse Saturnino Silva, diretor do Departamento de Infra-Estrutura da
Fiesp.
O pólo cerâmico de Santa
Gertrudes, na região de Rio
Claro (SP), deverá ser um dos
mais atingidos pelo reajuste do
gás. O insumo representa 20%
do custo de produção. "Estamos num beco sem saída. Não
temos outra alternativa. Vamos
repassar aos preços tudo o que
for possível", antecipa João Oscar Bergstron, presidente da
Associação Paulista de Cerâmica de Revestimento.
O pólo de Santa Gertrudes é o
maior do segmento no país,
responde pela produção de
67% de todo o revestimento cerâmico consumido no Brasil.
Além do reajuste, o setor enfrenta um problema ainda mais
sério: a falta de gás. Projetos de
expansão da capacidade foram
suspensos. A Fiesp tem cobrado a oferta de combustível para
São Paulo. "A questão do preço
está relacionada ao mercado
internacional, não há o que fazer. Mas o país pode ampliar a
produção própria de gás para
depender menos das importações. Estamos organizando
uma cobrança da Petrobras",
diz Silva, da Fiesp. A entidade
cobra a ampliação de 11% ao
ano na oferta de gás para São
Paulo prometida pela estatal a
Fiesp no ano passado. A Petrobrás já afirmou que não "tem
registrado" essa promessa.
Sem gás para ofertar à indústria, a Comgás se concentrou
na expansão do mercado residencial.O impacto para os consumidores do Gás Natural Veicular será o maior de todos. Na
área da Comgás, o reajuste nos
postos será de 40%. Na área da
Gás Natural São Paulo Sul, o
aumento autorizado será de
30,37%. A Associação Brasileira do GNV avalia que o preço do
metro cúbico de gás na capital
será 25% maior. A alta deverá
sedimentar a diminuição na
conversão de motores para gás.
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