São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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Piora do Brasil adia a melhora da Argentina

DE BUENOS AIRES

O aprofundamento da crise brasileira vai adiar ainda mais a recuperação da economia argentina e prejudicar a todos os países latino-americanos, segundo analistas ouvidos pela Folha. O economista argentino Dardo Ferrer, da Fundação Mercado, disse que, com a complicação da situação brasileira, a Argentina perde sua principal arma de recuperação: as exportações.
Ele lembrou que o mercado interno argentino deverá continuar estagnado enquanto o governo não eliminar as restrições aos saques bancários -que reduzem o consumo- e não fechar um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) -que traria de volta a confiança dos investidores estrangeiros.
Por isso, o crescimento das exportações argentinas -que têm o Brasil como principal destino- seria "imprescindível" para reaquecer a economia e manter a oferta interna de dólares, o que evitaria a disparada do câmbio e da inflação.
Para Carina López Espiño, da agência de classificação de risco Standard & Poor's, "a derrocada brasileira é uma das piores coisas que poderiam acontecer para a Argentina"
Além da queda nas exportações, ela acredita que a situação brasileira não poderia tornar o FMI mais flexível com a Argentina. Para o economista da Fundação Mercado, não apenas a Argentina mas todos os países da América Latina sofrerão o impacto negativo da crise brasileira.
Segundo Ferrer, Paraguai e Uruguai devem exportar menos para o Brasil nos próximos meses, enquanto países como Chile e México -que não mantêm laços comerciais tão fortes com o Brasil- deverão ser prejudicados pela queda do fluxo de capitais estrangeiros ao continente. (JS)


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