São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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VÔO DA ÁGUIA

Economia americana registra expansão anualizada de 3% no 2º trimestre, ante 4,5% nos três meses anteriores

Consumo menor segura crescimento dos EUA

DO "FINANCIAL TIMES"

O crescimento econômico dos EUA se desacelerou de maneira mais acentuada do que era esperado, no segundo trimestre, devido à mais baixa elevação do consumo em três anos, causada pelos efeitos dos aumentos do petróleo sobre o orçamento doméstico.
A economia norte-americana registrou expansão anualizada de 3% no segundo trimestre, caindo ante os 4,5% de crescimento do primeiro trimestre, de acordo com as estimativas iniciais do Departamento do Comércio norte-americano quanto ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Os economistas esperavam ritmo de crescimento de 3,7% no trimestre. Os gastos dos consumidores cresceram 1%, cerca de metade do nível previsto, depois de um crescimento de mais de 4% no primeiro trimestre.
O PIB do primeiro trimestre foi revisado, e o crescimento estimado inicialmente em 3,9% foi calculado agora em 4,5%, o que significa que a expansão média anualizada de 3,75 % confirma as expectativas para o primeiro semestre. O Departamento do Comércio alertou de que sua estimativa inicial se baseava em dados incompletos e estava sujeita a revisões consideráveis.
Embora os números do consumo tenham sido fracos no segundo trimestre, outros itens do relatório mostraram resultados mais robustos. O investimento empresarial fixo cresceu em ritmo anualizado de 8,9%, ante os 4,2% registrados no primeiro trimestre de 2004, devido a uma alta de 10% nos gastos com equipamentos e de 5,2% nos gastos das empresas com estruturas.
O investimento fixo residencial cresceu em fortes 15,4 %, e as exportações norte-americanas tiveram alta de 13,2 %.
"As empresas se tornaram mais flexíveis quanto à liberação de verbas para investimento de capital, que vinham retendo", disse Bill Zadrozny, presidente da Siemens Financial Services. "Elas estão ampliando seus quadros de funcionários, de novo, e precisam de equipamentos para uso de seus novos contratados. O processo começa a se alimentar."
Em recente depoimento diante do Congresso norte-americano, Alan Greenspan, presidente do Fed (Banco Central dos Estados Unidos), caracterizou a desaceleração do consumo no segundo trimestre como uma "fraqueza que pode se provar momentânea", causada pelos altos preços da energia.
A elevação da confiança entre os consumidores, o mercado de habitação ainda firme e indicadores mais fortes no mês de maio sustentam o argumento do Fed no sentido de que a desaceleração do consumo no segundo trimestre se provará temporária. Enquanto isso, o índice de atividade empresarial compilado pela associação dos gerentes de compras de Chicago, divulgado ontem, mostrou recuperação em julho, depois de registrar uma queda em junho.
Os gastos básicos de consumo pessoal, excluídos alimentos e energia, que embasam o índice preferencial de inflação do Fed, subiram 1,8% em termos anualizados no segundo trimestre, ante os 2,1% dos três primeiros meses do ano. No entanto, o índice de preços ao consumidor registrou crescimento geral da ordem de 3,3%, devido ao efeito dos aumentos nos preços da energia.

Produtividade menor
O crescimento mais lento que o esperado e o aumento no número de horas trabalhadas pelos profissionais empregados significam que o crescimento na produtividade da mão-de-obra caiu no segundo trimestre.
"Estamos voltando a um ritmo mais tradicional de aumento nos custos da unidade de mão-de-obra, em um momento no qual outros custos, entre os quais os da energia, estão em ascensão", disse Mickey Levy, economista chefe do Bank of America. "Os números mais recentes não impedem que o Fed mantenha seu objetivo de elevar as taxas de juros de maneira cautelosa. Mas suscita dúvidas quanto à forma pela qual o banco central enfrentaria a manutenção de um ritmo moderado de crescimento no consumo acoplado a pressões inflacionárias mais fortes."


Tradução de Paulo Migliacci

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