|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo economiza em investimentos
Gastos considerados prioritários, como em infra-estrutura, recebem no 1º semestre só 10% do total previsto para o ano
Economia para pagamento de juros da dívida pública cresce 13% no período, alcançando em junho meta prevista só para agosto
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida
cresceu no primeiro semestre,
e a meta de superávit primário
prevista para agosto foi atingida dois meses antes. Especialistas dizem que a marca foi conseguida graças ao fraco ritmo
do investimento público. Em
seis meses, o PPI (Projeto Piloto de Investimentos) recebeu
só 10% do total previsto para o
ano. Ele inclui obras de infra-estrutura, como saneamento e
transportes.
De janeiro a junho, o governo
central -que inclui Tesouro
Nacional, Previdência e Banco
Central- economizou R$ 43,7
bilhões. O valor é 13,5% maior
que o registrado no período em
2006 e idêntico à meta prevista
para os oito primeiros meses do
ano. A antecipação foi comemorada pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin. "Cumprimos em junho a meta prevista apenas para agosto."
Mas o tom de comemoração
não ecoa entre os analistas. "Fica cada vez mais evidente que
esse forte resultado tem sido
respaldado pelos investimentos, cuja liberação está muito
devagar", diz Denis Blum, da
Tendências Consultoria.
Dados do Tesouro contradizem o discurso governista de
que o investimento aumenta
mês a mês. Em junho, o PPI-
projeto prioritário e que não
pode sofrer bloqueio de verbas- recebeu R$ 195,4 milhões, 33,8% a menos que os R$
295,2 milhões pagos em maio.
O número fez a Tendências
Consultoria mudar o cenário
sobre investimentos públicos
no médio prazo. Até junho, a
aposta era que o PPI receberia
metade dos R$ 11,3 bilhões previstos para o ano. Agora, a expectativa é menos da metade.
No semestre, o pagamento
para esses empreendimentos
prioritários somou R$ 1,2 bilhão. Curiosamente, o ritmo de
liberação dessas obras é menor
que no restante dos projetos.
Somados, todos os investimentos federais tiveram pagamento de 23,3% do previsto para o
ano -R$ 7,4 bilhões.
Os números não preocupam
Augustin: "Os projetos novos,
com início neste ano, levam alguns meses para começarem a
serem pagos. Não recebem no
mês seguinte [ao anúncio]".
"Isso só mostra a ineficiência
do Estado. Faltam projetos. Se
eles estivessem prontos, poderíamos ter projetos sendo executados rapidamente. Mas, assim, acredito que boa parte dos
empreendimentos só comece a
sair do papel no ano que vem",
diz a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli.
A economista diz que, além
da liberação de recursos, o resultado fiscal do semestre foi
influenciado pela arrecadação.
No semestre, a entrada de impostos nos cofres públicos aumentou 13,1%, novo recorde.
Esse aumento, diz Maristella,
acompanha o crescimento das
despesas.
No semestre, os gastos do governo central somaram R$
199,4 bilhões, 12,7% maior que
igual período de 2006. Descontado o aumento do PIB, a expansão cai para 2,7%.
Essa expansão em ritmo
maior que o crescimento da
economia também não preocupa o Tesouro. "Esse vai ser um
ajuste de médio e longo prazo",
diz Augustin, ao lembrar desejo
do governo de levar o ritmo de
alta das despesas para patamar
semelhante ao da economia.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Focus: Turbulência afeta pouco previsão para a economia Índice
|