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sociais & cia
Ação social pode ser interna, defende Fiesp
Evento debate necessidade de coerência entre as práticas de responsabilidade socioambiental dentro e fora da empresa
Executiva defende que princípios que estimulam ação social externa devem ser aplicados também em seus processos internos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mais do que promover ações
sociais e ambientais para o público externo, as empresas devem pensar no tema da responsabilidade socioambiental como uma maneira de garantir o
seu próprio futuro. Ou seja,
olhando para dentro de si mesmas.
O diagnóstico é da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e será o fio
condutor dos debates na "1ª
Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental", entre os dias 2 e 4 de agosto
na Bienal do Ibirapuera, na capital paulista.
"O que o empresário precisa
entender é que uma ação social,
seja de qual tipo for, deve ser
apenas uma parte de uma política muito maior, de responsabilidade social e ambiental, que
não está apenas fora da empresa", explica a diretora do Comitê de Responsabilidade Social
da Fiesp, Eliane Belfort. "Investir em pessoas, na qualidade
de vida e na qualificação dos
trabalhadores passou a ser um
fator de sucesso ou de fracasso
no mundo corporativo."
Segundo ela, é fundamental
que as empresas pensem e
atuem com coerência no tema
da sustentabilidade. "Qual o
sentido de uma companhia
promover um programa de alfabetização na comunidade e
ainda possuir analfabetos entre
os seus operários de chão de fábrica?", ilustra a diretora.
Exceção feita às grandes corporações, ela diz que esse tipo
de incoerência é uma realidade
comum, sobretudo nas empresas de menor porte.
Questão de sobrevivência
Um exemplo emblemático é
a falta de preocupação ambiental das companhias em seus
próprios sistemas produtivos.
Antes encarada como uma mera obrigação, ou como instrumento de marketing, essa preocupação passa a ser cada vez
mais uma questão de sobrevivência. "Uma empresa que não
cuida do ambiente pode sofrer
pesadas multas, ter rejeição do
consumidor por seus produtos
e ainda sofrer barreiras não-tributárias", observa. "No fundo,
o empresário deve ver essa
preocupação como uma garantia de continuidade futura dos
seus negócios", afirma Belfort.
Ela destaca, nesse sentido,
que o fato de uma empresa
apoiar uma Organização Não-Governamental (ONG) não a
isenta -tampouco diminui-
de sua responsabilidade sobre
os malefícios que seus sistemas
produtivos eventualmente
possam causar ao ambiente ou
à sociedade em que atuam.
Exemplos de sucesso
Para romper com o paradigma de que o investimento socioambiental representa apenas custos adicionais para as
empresas, o encontro promovido pela Fiesp apresentará experiências de retorno financeiro e institucional em companhias de todos os portes e segmentos.
"Queremos que cada indústria, mesmo as pequenas e médias, identifique-se com os projetos executados por outras, similares, e criem uma linha de
desenvolvimento sustentável",
comenta a diretora da Fiesp.
Além de mostrar modelos
bem-sucedidos de planejamento socioambiental, o encontro
buscará também incentivar os
empresários a buscarem informações -e apoio- na implementação de seus projetos. "É
importante que o empresário
saiba que pode contar com o
apoio de diversas entidades,
que podem encontrar o caminho para ele desenvolver seu
negócio com sustentabilidade
por meio de assinaturas de convênios", aponta.
Ao mesmo tempo, os empresários serão instados a participar da organização administrativa das comunidades em que
seus parques produtivos estão
instalados. "O que se faz no entorno da fábrica também influencia o que acontece dentro.
O empresário, em muitos casos, é uma pessoa respeitada na
comunidade e que tem o dever
de emprestar o seu valor para
os conselhos comunitários",
sugere a diretora da Fiesp.
Para tanto, é fundamental
que as empresas exerçam "práticas legais", de respeito às legislações trabalhista, tributária
e ambiental. "Pretendemos
apresentar experiências de setores, de ações adotadas no
conjunto da cadeia, como em
vários casos de APLs" (Arranjos Produtivos Locais), afirma
Belfort.
Mais de 30 casos serão apresentados durante a mostra,
além de palestras e debates entre empresários, professores
universitários e demais representantes da sociedade civil organizada. A Fiesp estima que
mais de 10 mil pessoas devam
participar do evento.
(ANDRÉ PALHANO)
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