São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2007

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sociais & cia

Ação social pode ser interna, defende Fiesp

Evento debate necessidade de coerência entre as práticas de responsabilidade socioambiental dentro e fora da empresa

Executiva defende que princípios que estimulam ação social externa devem ser aplicados também em seus processos internos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mais do que promover ações sociais e ambientais para o público externo, as empresas devem pensar no tema da responsabilidade socioambiental como uma maneira de garantir o seu próprio futuro. Ou seja, olhando para dentro de si mesmas.
O diagnóstico é da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e será o fio condutor dos debates na "1ª Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental", entre os dias 2 e 4 de agosto na Bienal do Ibirapuera, na capital paulista.
"O que o empresário precisa entender é que uma ação social, seja de qual tipo for, deve ser apenas uma parte de uma política muito maior, de responsabilidade social e ambiental, que não está apenas fora da empresa", explica a diretora do Comitê de Responsabilidade Social da Fiesp, Eliane Belfort. "Investir em pessoas, na qualidade de vida e na qualificação dos trabalhadores passou a ser um fator de sucesso ou de fracasso no mundo corporativo."
Segundo ela, é fundamental que as empresas pensem e atuem com coerência no tema da sustentabilidade. "Qual o sentido de uma companhia promover um programa de alfabetização na comunidade e ainda possuir analfabetos entre os seus operários de chão de fábrica?", ilustra a diretora.
Exceção feita às grandes corporações, ela diz que esse tipo de incoerência é uma realidade comum, sobretudo nas empresas de menor porte.

Questão de sobrevivência
Um exemplo emblemático é a falta de preocupação ambiental das companhias em seus próprios sistemas produtivos. Antes encarada como uma mera obrigação, ou como instrumento de marketing, essa preocupação passa a ser cada vez mais uma questão de sobrevivência. "Uma empresa que não cuida do ambiente pode sofrer pesadas multas, ter rejeição do consumidor por seus produtos e ainda sofrer barreiras não-tributárias", observa. "No fundo, o empresário deve ver essa preocupação como uma garantia de continuidade futura dos seus negócios", afirma Belfort.
Ela destaca, nesse sentido, que o fato de uma empresa apoiar uma Organização Não-Governamental (ONG) não a isenta -tampouco diminui- de sua responsabilidade sobre os malefícios que seus sistemas produtivos eventualmente possam causar ao ambiente ou à sociedade em que atuam.

Exemplos de sucesso
Para romper com o paradigma de que o investimento socioambiental representa apenas custos adicionais para as empresas, o encontro promovido pela Fiesp apresentará experiências de retorno financeiro e institucional em companhias de todos os portes e segmentos.
"Queremos que cada indústria, mesmo as pequenas e médias, identifique-se com os projetos executados por outras, similares, e criem uma linha de desenvolvimento sustentável", comenta a diretora da Fiesp.
Além de mostrar modelos bem-sucedidos de planejamento socioambiental, o encontro buscará também incentivar os empresários a buscarem informações -e apoio- na implementação de seus projetos. "É importante que o empresário saiba que pode contar com o apoio de diversas entidades, que podem encontrar o caminho para ele desenvolver seu negócio com sustentabilidade por meio de assinaturas de convênios", aponta.
Ao mesmo tempo, os empresários serão instados a participar da organização administrativa das comunidades em que seus parques produtivos estão instalados. "O que se faz no entorno da fábrica também influencia o que acontece dentro. O empresário, em muitos casos, é uma pessoa respeitada na comunidade e que tem o dever de emprestar o seu valor para os conselhos comunitários", sugere a diretora da Fiesp.
Para tanto, é fundamental que as empresas exerçam "práticas legais", de respeito às legislações trabalhista, tributária e ambiental. "Pretendemos apresentar experiências de setores, de ações adotadas no conjunto da cadeia, como em vários casos de APLs" (Arranjos Produtivos Locais), afirma Belfort.
Mais de 30 casos serão apresentados durante a mostra, além de palestras e debates entre empresários, professores universitários e demais representantes da sociedade civil organizada. A Fiesp estima que mais de 10 mil pessoas devam participar do evento.
(ANDRÉ PALHANO)


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