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Ata do Copom sinaliza fim
do ciclo de redução nos juros
Documento mostra que BC cogitou manter a taxa na reunião da semana passada
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central promete
adotar uma linha mais "cautelosa" na condução da política
monetária e informa que chegou a considerar a possibilidade de interromper, já na semana passada, a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic) iniciada em janeiro. No
mercado financeiro, as apostas
agora são que os juros não voltam a cair tão cedo.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reuniu e decidiu
reduzir a Selic em 0,5 ponto
percentual. Foi o quinto corte
consecutivo promovido pelo
BC, suficiente para deixar a taxa em 8,75% ao ano, a mais baixa desde a criação do comitê,
em 1996.
Ontem, foi divulgada a ata
dessa reunião. O documento
diz que, apesar de o colegiado
ter optado pela continuidade
da queda dos juros, alguns
membros da diretoria do BC
-que não são identificados-
chegaram a defender a manutenção da taxa nos 9,25% ao
ano que vigoravam na ocasião.
A preocupação estava no risco ao controle da inflação associado à queda dos juros já ocorrida neste ano. Entre janeiro e
junho, a Selic acumulou queda
de 4,5 pontos percentuais, e o
BC argumenta que ainda não é
possível saber qual será o efeito
que essa medida terá sobre a
economia como um todo.
Estima-se que o impacto de
uma mudança nos juros leve
até um ano para ser sentido
completamente pela inflação e
pelo nível de atividade. Por isso,
segundo o BC, há necessidade
de maior "cautela", pois o país
nunca teve taxas tão baixas e
não se sabe como empresas,
consumidores e sistema financeiro irão reagir a isso com o
passar do tempo.
Mesmo com essa incerteza, o
BC entendeu que os indicadores disponíveis no momento
mostram uma recuperação gradual da economia, com inflação
sob controle -daí o corte dos
juros na semana passada. Daqui para a frente, porém, deve
prevalecer a maior cautela.
Para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, a ata divulgada ontem coloca um fim no ciclo de queda dos
juros iniciado no começo do
ano. "A não ser que haja surpresas, a Selic deve ficar estável pelo menos até meados de 2010."
Teles diz que concorda com a
cautela do BC, já que a redução
dos juros ocorrida até agora deve ser suficiente para garantir
uma recuperação mais gradual
da economia. "É preciso mesmo de um tempo para poder
avaliar melhor o efeito daquilo
que já foi feito."
Já o economista-chefe da
SLW Asset Management, Carlos Thadeu Filho, diz que não
descarta um novo corte da Selic
no final deste ano ou no começo de 2010. "O BC quis passar a
mensagem [com a ata do Copom] de que, pelo menos no
curto prazo, por uns dois ou
três meses, o ciclo de queda está suspenso. Mas não foi contundente em dizer que encerrou totalmente", diz.
Para o economista, as projeções do BC para a inflação estão
um pouco exageradas, especialmente por causa das estimativas para reajustes de tarifas públicas. A ata do Copom fala em
alta próxima de 4,5% para o IPCA em 2010, enquanto Thadeu
Filho projeta 3,4%.
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