São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

Presidente do Fed se defende e diz que apenas a indução de uma recessão conteria a "exuberância irracional"

Para Greenspan, "bolha" era maior que ele

DA REDAÇÃO

O presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Alan Greenspan, 76, defendeu-se ontem das críticas de que não teria feito o suficiente para evitar a "bolha" do mercado financeiro nos anos 90. De acordo com Greenspan, a idéia de que um arrocho monetário conteria a "exuberância irracional" da década passada é uma "ilusão".
Para o presidente do Fed, não fazem sentido as sugestões, feitas por críticos de sua atuação durante o período, de que um aumento nos juros esvaziaria a bolha de investimento em ações. "A noção de que um aperto [na política monetária" bem planejado poderia ter sido calibrado para prevenir a "bolha" no final dos anos 90 é, quase com certeza, uma ilusão", afirmou Greenspan, durante uma simpósio anual de banqueiros em Jackson Hole (Wyoming), nas Montanhas Rochosas.
Atualmente, as ações norte-americanas custam, em média, 25% menos do que valiam no auge do boom, no começo de 2000. O ajuste nas Bolsas, iniciado pela retração econômica do ano passado e ampliado pelos escândalos contábeis, atingiu a confiança dos investidores norte-americanos e da população de um modo geral, uma vez que mais da metade das famílias do país tem aplicações em ações.
Em sua defesa, o presidente do Fed afirmou que em outros períodos da história recente (1988-89 e 1994-95) as elevadas taxas de juros não contiveram a valorização das Bolsas -apenas a desaceleraram. Para Greenspan, apenas a indução de um período recessivo poderia ter impedido a "bolha", mas essa seria "uma consequência que procuraríamos evitar".
Greenspan disse ainda que seria muito difícil para as autoridades monetárias do país ter identificado se os preços das ações haviam chegado a um nível insustentável. "A despeito de nossas suspeitas, era muito difícil identificar, de maneira definitiva, a "bolha" antes de que seu estouro tenha confirmado sua existência."
Prova das suspeitas de Greenspan é seu vaticínio, emitido em dezembro de 1996 (quatros anos, portanto, antes de a "bolha" ter atingido seu inchaço máximo), de que os mercados norte-americanos poderiam estar vivendo uma "exuberância irracional".


Com agências internacionais


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