São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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Sem Doha, UE se volta para acordos bilaterais

Embaixador europeu reitera interesse em acesso à área industrial do Mercosul

Bloco ainda quer incluir compras do governo nas discussões e deve negociar também com países da América Central e da Ásia

CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO

A União Européia vai iniciar sua temporada de acordos comerciais bilaterais pós-suspensão da Rodada Doha. De acordo com o representante da Comissão Européia no Brasil, embaixador João Pacheco, a exemplo dos EUA, a UE vai negociar com o Cafta (Área de Livre Comércio da América Central). Ele disse ainda que não vê problemas em continuar os entendimentos com o Mercosul, apesar da maior complexidade da negociação depois da inclusão da Venezuela no bloco. Segundo Pacheco, a UE vai começar a negociar também com a Asean (grupo que reúne países asiáticos) e a Coréia do Sul. "O mundo não pára, e quem não fizer acordos comerciais vai ficar para trás", disse. Está marcada para setembro a retomada das negociações entre UE e Mercosul, congeladas no início de 2004 por causa da expectativa dos avanços na Rodada Doha, além das dificuldades entre os blocos de alcançar consenso na área agrícola. Pacheco disse que os acordos bilaterais da UE são diferentes dos concluídos pelos americanos com países da América Latina. "Os EUA oferecem subsídios para produtos que são importantes para o Mercosul. Não é o caso da Europa. Além disso, os americanos têm um enfoque muito grande em propriedade intelectual, sobretudo no setor farmacêutico, mas nós temos mais interesses em compras governamentais", disse. Segundo ele, "não haverá negociação [com o Mercosul] com sucesso se não houver acesso substancial ao setor industrial". Dos produtos subsidiados pela UE, o açúcar é o que mais afeta o Mercosul, mas o Brasil ganhou uma disputa contra tais subsídios na OMC (Organização Mundial do Comércio), portanto, a política agrícola européia para esse produto está sendo alterada, independentemente do resultado de Doha. No ano passado, com a paralisação das negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), os americanos avançaram em acordos bilaterais na região. Além do Cafta, assinaram acordos com Colômbia, Peru e Equador e negociam com o Panamá.


A jornalista CLÁUDIA DIANNI viajou ao Rio a convite da Fundação Konrad Adenauer


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