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Sem Doha, UE se volta para acordos bilaterais
Embaixador europeu reitera interesse em acesso à área industrial do Mercosul
Bloco ainda quer incluir compras do governo nas discussões e deve negociar também com países da América Central e da Ásia
CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO
A União Européia vai iniciar
sua temporada de acordos comerciais bilaterais pós-suspensão da Rodada Doha. De acordo
com o representante da Comissão Européia no Brasil, embaixador João Pacheco, a exemplo
dos EUA, a UE vai negociar
com o Cafta (Área de Livre Comércio da América Central).
Ele disse ainda que não vê problemas em continuar os entendimentos com o Mercosul, apesar da maior complexidade da
negociação depois da inclusão
da Venezuela no bloco.
Segundo Pacheco, a UE vai
começar a negociar também
com a Asean (grupo que reúne
países asiáticos) e a Coréia do
Sul. "O mundo não pára, e
quem não fizer acordos comerciais vai ficar para trás", disse.
Está marcada para setembro
a retomada das negociações entre UE e Mercosul, congeladas
no início de 2004 por causa da
expectativa dos avanços na Rodada Doha, além das dificuldades entre os blocos de alcançar
consenso na área agrícola.
Pacheco disse que os acordos
bilaterais da UE são diferentes
dos concluídos pelos americanos com países da América Latina. "Os EUA oferecem subsídios para produtos que são importantes para o Mercosul. Não
é o caso da Europa. Além disso,
os americanos têm um enfoque
muito grande em propriedade
intelectual, sobretudo no setor
farmacêutico, mas nós temos
mais interesses em compras
governamentais", disse. Segundo ele, "não haverá negociação
[com o Mercosul] com sucesso
se não houver acesso substancial ao setor industrial".
Dos produtos subsidiados
pela UE, o açúcar é o que mais
afeta o Mercosul, mas o Brasil
ganhou uma disputa contra tais
subsídios na OMC (Organização Mundial do Comércio),
portanto, a política agrícola européia para esse produto está
sendo alterada, independentemente do resultado de Doha.
No ano passado, com a paralisação das negociações da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), os americanos
avançaram em acordos bilaterais na região. Além do Cafta,
assinaram acordos com Colômbia, Peru e Equador e negociam com o Panamá.
A jornalista CLÁUDIA DIANNI viajou ao Rio
a convite da Fundação Konrad Adenauer
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