São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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Marinho diz que não intervém no caso VW

Para ministro, não há o que o governo fazer no conflito, a não ser que a montadora ou os trabalhadores desejem intermediação

Titular da pasta do Trabalho afirma que suspensão de financiamento do BNDES não tem vinculação com demissões na empresa

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo depois de anunciar a suspensão do empréstimo de R$ 497,1 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à Volkswagen, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou ontem que o governo não vai interferir no conflito entre a montadora e seus funcionários.
O ministro disse ontem à Folha que as partes estão negociando e chegarão a um acordo "de um jeito ou de outro". "Há situações em que as partes devem se entender. O governo não tem o que fazer em uma situação como essa, a não ser que as partes desejem a intermediação. Aí, o governo está sempre à disposição", afirmou, ao comentar a demissão de 1.800 empregados da montadora.
Ele fez questão de enfatizar que a suspensão do financiamento do BNDES não tem vinculação com as demissões na empresa. Na segunda-feira, Marinho, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o presidente do BNDES, Demian Fiocca, estiveram reunidos com representantes da montadora e informaram que o banco não repassará os recursos do empréstimo até a conclusão das negociações com os trabalhadores.
"A suspensão do empréstimo do BNDES é outra história. Uma situação é o conflito. Outra situação é a empresa falar que vai fechar uma unidade. No empréstimo que a empresa realizou no BNDES, não está lá que é para fechar uma unidade. Está lá que é para investimento, expansão de atividade", disse ele, acrescentando que, se o fechamento vier a ocorrer, a montadora estaria descumprindo o plano de investimentos apresentado ao banco.
Na reunião de segunda, a VW relatou ao governo que só terá condições de garantir se o plano de investimentos original será mantido ou não depois de resolver o impasse com os trabalhadores. Diante disso, o governo avalia que só resta esperar o desfecho das negociações.
A operação de empréstimo do BNDES foi fechada com a VW em abril, mas até agora a instituição não havia liberado nenhuma parcela para a empresa, pois estavam sendo concluídos os trâmites burocráticos. Desde 2000, a montadora já recebeu R$ 2 bilhões em recursos do BNDES.
Marinho relatou que o Ministério do Trabalho vem intermediando várias negociações entre trabalhadores e empresas desde que seja solicitado. "Em qualquer caso, quando as partes não conseguem se entender e desejam a intermediação do Ministério do Trabalho, estamos à disposição. Temos feito isso em "n" casos."

"Entendimento"
Em entrevista ontem na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Dilma disse que não foi informada antecipadamente pela Volks sobre a demissão de 1.800 funcionários da unidade de São Bernardo do Campo. "Ela não avisou", disse.
Segundo ela, o governo "não vê com bons olhos" a possibilidade de fechamento da unidade da montadora. "Nós, como governo, somos a favor sempre de um entendimento entre a Volkswagen e os trabalhadores. Obviamente o governo não olha com bons olhos o fechamento de nenhuma unidade no Brasil, notadamente a unidade de São Bernardo."
Para ela, ambas as partes, empregador e empregados, devem ceder. "É sempre melhor um acordo. E, num acordo, os dois lados têm que ceder, os dois lados. Não achamos que apenas um lado deve ceder. A gente acha que qualquer política de desgaste recíproco não é bom para nenhum dos lados."


Colaborou a Sucursal de Brasília


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