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Marinho diz que não intervém no caso VW
Para ministro, não há o que o governo fazer no conflito, a não ser que a montadora ou os trabalhadores desejem intermediação
Titular da pasta do Trabalho
afirma que suspensão de
financiamento do BNDES
não tem vinculação com
demissões na empresa
VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo depois de anunciar a
suspensão do empréstimo de
R$ 497,1 milhões do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à
Volkswagen, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou
ontem que o governo não vai
interferir no conflito entre a
montadora e seus funcionários.
O ministro disse ontem à Folha que as partes estão negociando e chegarão a um acordo "de um jeito ou de outro". "Há
situações em que as partes devem se entender. O governo
não tem o que fazer em uma situação como essa, a não ser que
as partes desejem a intermediação. Aí, o governo está sempre à disposição", afirmou, ao
comentar a demissão de 1.800
empregados da montadora.
Ele fez questão de enfatizar
que a suspensão do financiamento do BNDES não tem vinculação com as demissões na
empresa. Na segunda-feira,
Marinho, a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) e o presidente do BNDES, Demian
Fiocca, estiveram reunidos
com representantes da montadora e informaram que o banco
não repassará os recursos do
empréstimo até a conclusão
das negociações com os trabalhadores.
"A suspensão do empréstimo
do BNDES é outra história.
Uma situação é o conflito. Outra situação é a empresa falar
que vai fechar uma unidade. No
empréstimo que a empresa
realizou no BNDES, não está lá
que é para fechar uma unidade.
Está lá que é para investimento, expansão de atividade", disse ele, acrescentando que, se o
fechamento vier a ocorrer, a
montadora estaria descumprindo o plano de investimentos apresentado ao banco.
Na reunião de segunda, a VW
relatou ao governo que só terá
condições de garantir se o plano de investimentos original
será mantido ou não depois de
resolver o impasse com os trabalhadores. Diante disso, o governo avalia que só resta esperar o desfecho das negociações.
A operação de empréstimo
do BNDES foi fechada com a
VW em abril, mas até agora a
instituição não havia liberado
nenhuma parcela para a empresa, pois estavam sendo concluídos os trâmites burocráticos. Desde 2000, a montadora
já recebeu R$ 2 bilhões em recursos do BNDES.
Marinho relatou que o Ministério do Trabalho vem intermediando várias negociações
entre trabalhadores e empresas desde que seja solicitado.
"Em qualquer caso, quando as
partes não conseguem se entender e desejam a intermediação do Ministério do Trabalho,
estamos à disposição. Temos
feito isso em "n" casos."
"Entendimento"
Em entrevista ontem na sede
da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Dilma disse
que não foi informada antecipadamente pela Volks sobre a
demissão de 1.800 funcionários
da unidade de São Bernardo do
Campo. "Ela não avisou", disse.
Segundo ela, o governo "não
vê com bons olhos" a possibilidade de fechamento da unidade da montadora. "Nós, como governo, somos a favor sempre
de um entendimento entre a
Volkswagen e os trabalhadores.
Obviamente o governo não
olha com bons olhos o fechamento de nenhuma unidade no
Brasil, notadamente a unidade
de São Bernardo."
Para ela, ambas as partes,
empregador e empregados, devem ceder. "É sempre melhor
um acordo. E, num acordo, os
dois lados têm que ceder, os
dois lados. Não achamos que
apenas um lado deve ceder. A
gente acha que qualquer política de desgaste recíproco não é
bom para nenhum dos lados."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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