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Bolívia ameaça cortar envio de gás a Cuiabá
Governo boliviano afirma não ter produção suficiente para fornecer combustível com regularidade para usina de MT
Empresas produtoras, como a Petrobras, não investiram para aumentar volume de gás, diz Bolívia; para Maggi, paralisação é preocupante
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Alegando produção insuficiente, a Bolívia informou ontem ao governo brasileiro e à
empresa Pantanal Energia que
não terá condições de fornecer
regularmente gás à termelétrica Governador Mário Covas,
em Cuiabá (MT) pelo menos
até o final do ano. Para o governador Blairo Maggi (PR), a
eventual paralisação da usina é
preocupante para o Brasil.
Nas última semanas, fontes
da estatal boliviana YPFB vinham afirmando, sob a condição de anonimato, que a produção atual ficaria insuficiente
para atender tanto Cuiabá
quanto a Argentina. A Bolívia
acusa as empresas produtoras,
como a Petrobras, de não investir para aumentar o volume.
O problema ficou evidente
ontem, durante reunião em La
Paz com representantes da empresa e do Ministério de Minas
e Energia, quando a Bolívia
apresentou uma tabela com
uma previsão irregular de fornecimento até dezembro.
A tabela estimava desde períodos em que o fluxo do gasoduto seria zero até em que chegaria a 1,1 milhão de metros cúbicos diários, o volume máximo. Na média, porém, o fluxo
ficaria inferior ao que a usina
necessita para operar.
O cronograma, já bastante
desfavorável à empresa, ficou
defasado logo depois de ser
apresentado porque havia sido
calculado com base num fluxo
diário de 26 milhões a 28 milhões de metros cúbicos para o
contrato com a Petrobras
No fim do dia, porém, a Petrobras informou à Bolívia que
necessitará a partir de setembro do fluxo máximo previsto
no seu contrato, 30 milhões de
metros cúbico/dia.
Sem produção, o governo boliviano terá de sacrificar ainda
mais Cuiabá, a sua última prioridade, atrás da Petrobras, do
mercado interno e da Argentina, que também pode receber
menos gás do que requer.
Mesmo com o fornecimento
comprometido, a Pantanal
Energia renovou ontem por
mais 30 dias o contrato provisório -o vigente terminaria à
meia-noite de hoje.
Maggi
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, afirmou ontem à Folha que uma interrupção no funcionamento da termelétrica de Cuiabá, devido à
falta de gás, é preocupante para
o Brasil.
"Hoje a termelétrica para
Mato Grosso não é fundamental. Não sofremos com o desligamento dela. Agora, para o
Brasil como um todo é muito
importante. São quase 400
MW. Para o sistema nacional,
acho preocupante [a interrupção no funcionamento]."
Maggi disse que até ontem à
noite não havia sido informado
sobre a decisão da Bolívia.
"Lá atrás recebemos um informe do governo boliviano de
que ele não queria negociar
com a companhia privada, mas
sim com o governo de Mato
Grosso. Eu me coloquei à disposição, mas depois não fui
mais procurado."
A termelétrica, controlada
pela Pantanal Energia, é responsável por 70% da energia
produzida em Mato Grosso.
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