São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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Grandes anúncios de Lula nem sempre se concretizaram no tamanho esperado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os grandes anúncios do governo Lula nem sempre se concretizaram de acordo com a euforia do discurso político. O exemplo mais recente é o das reservas do campo de Mexilhão, na bacia de Santos, descoberta que supostamente seria a redenção dos problemas de abastecimento de gás no Brasil.
Desde o seu anúncio, em 2003, até hoje, o governo já anunciou a antecipação da entrada do gás de Mexilhão no mercado para 2008 mais de uma vez, mas isso ainda não aconteceu. Na verdade, segundo a Petrobras, o gás de Mexilhão deverá começar a ser produzido entre o final do ano que vem e o início de 2010.
A própria capacidade de produção do campo já teve vários números. O governo chegou a falar em produção de até 54 milhões de m3 por dia a partir deste ano. Para a Petrobras, a produção, quando começar, deverá ficar em 15 milhões de m3.
O campo de Mexilhão não é o único projeto a se desconectar do discurso do governo. Na lista de grandes anúncios que nunca se concretizaram, também figura o H-Bio, anunciado pelo governo em maio de 2006. Ele era uma mudança no processo industrial de produção de óleo diesel, na qual um óleo vegetal (principalmente o de soja) entraria no processo produtivo, substituindo o petróleo.
Em tese, o H-Bio reduziria a necessidade de importação de óleo diesel, diminuindo a dependência externa e ajudando a balança comercial. O programa não andou porque o preço do óleo de soja subiu muito e seu uso na produção de diesel encareceria o combustível.
No caso do pré-sal, a real extensão dos reservatórios somente será conhecida a partir do próximo ano, depois dos testes que serão feitos pela Petrobras. A estatal ainda não divulgou uma previsão oficial.
Outra grande mudança regulatória no país que nunca deixou de ser apenas discurso do governo foi a reformulação das agências reguladoras. Alvo principal do governo Lula em 2003, as agências foram acusadas de terem autonomia demais e de estarem usurpando o papel do próprio governo.
O governo federal afirmou que reduziria o papel delas, ouviu várias críticas dos principais investidores privados em infra-estrutura e desistiu da idéia. Um projeto chegou a ser enviado ao Congresso Nacional, com poucas mudanças em relação ao quadro atual, mas nem mesmo essa iniciativa teve andamento. (HM e VC)



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