São Paulo, segunda-feira, 31 de agosto de 2009

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FolhaInvest

Bovespa deve perder ritmo depois de forte valorização

Preço de ações ainda pode aumentar, mas avanço tende a ser menos intenso

Investidor precisa escolher papéis com calma e não ter pressa para lucrar; previsão é que Bovespa feche o ano entre 60 mil e 62 mil pontos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após alcançar seu maior nível desde o fim de julho de 2008, a Bovespa mostrou dificuldades para dar prosseguimento a sua escalada. Na semana passada, os pregões foram marcados por baixa oscilação. O resultado foi uma queda ínfima de 0,05% no período.
Para analistas, apesar de a perspectiva ainda ser de alta para a Bolsa até o fim do ano, o ímpeto demonstrado nos últimos meses perdeu força. A Bovespa tende a subir, mas num ritmo moderado. Nesse cenário, escolher ações com calma e ter paciência para conquistar retornos é fundamental.
A previsão de muitas corretoras aponta para a Bovespa entre 60 mil e 62 mil pontos em dezembro, o que daria um ganho na faixa de 4% a 7,5% até o fim do ano. Pode parecer pouco, mas os fundos de renda fixa devem pagar aproximadamente 10% no acumulado de 2009. A Bolsa já subiu 53,66% no ano.
"A Bolsa não é mais uma barganha, como era há alguns meses. Apesar de o cenário ainda ser de alta, o ganho potencial hoje é muito menor", afirma Paulo Esteves, analista-chefe da Gradual Investimentos. Esteves diz que "a divulgação de dados econômicos positivos tem tido uma resposta mais branda do mercado".
Aos 57,7 mil pontos, a Bovespa está ainda distante de seu pico histórico -os 73.516 pontos de 20 de maio do ano passado, antes de a crise internacional abalar os mercados. Para retomar sua máxima, a Bolsa teria de subir mais de 27%. A pontuação das Bolsas oscila com a variação dos preços das ações. Quanto maior a pontuação, mais caras estão as ações.
"O mercado deu uma congestionada, talvez para acumular forças para tentar romper os 58 mil pontos. Se olharmos o cenário econômico, não há nada que indique que o mercado vai ceder. O máximo de negativo que deve ocorrer são realizações de lucro de curto prazo", afirma Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
É chamada de realização de lucro a venda de ações para o investidor embolsar ganhos acumulados, e não por entender que o cenário para a companhia passou a ser ruim.

Escolhas
Um dos setores que Bandeira avalia ser interessante na Bolsa hoje é o de construção civil. "O setor tem subido bastante, mas vai bem e pode ganhar mais fôlego", diz. Quem está atento às perspectivas de expansão do setor imobiliário, com os programas de incentivo do governo, já lucrou consideravelmente neste ano. A ação ON da Rossi Residencial tem valorização de 233,78% em 2009. Para Gafisa ON, a alta é de 174,98%.
Setores ligados ao desempenho da economia doméstica também têm sido lembrados. Isso porque a economia caminha para ganhar maior fôlego nos próximos trimestres.
Entre as recomendações da Gradual, aparecem empresas do setor elétrico, como Transmissão Paulista e AES Tietê.
O segmento pode ser beneficiado tanto pela recuperação da indústria como pelo aumento do consumo.
Na opinião de Bandeira, da Ágora, o setor bancário era um que estavam bastante atrasados em relação ao ritmo da Bolsa. "Os bancos têm ganhado mais fôlego, mas ainda têm espaço [para subir]." As ações dos dois maiores bancos privados do país, por exemplo, estão com resultado inferior ao registrado pela Bovespa em 2009. A ação PN do Bradesco está com ganho anual de 39,15%, e a do Itaú Unibanco tem alta de 38,67%.
De qualquer forma, os analistas lembram que não dá para afirmar com certeza nem que a Bolsa vá subir nem acertar com precisão as ações que irão se destacar. Sinais negativos na economia mundial, que afugentem o capital externo da Bolsa, podem estragar expectativas e previsões, a exemplo do que ocorreu no fim de 2008.


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