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"Já existe empresa forte, que é a Varig"
da Sucursal de Brasília
O presidente da Varig, Fernando Pinto, é contra a fusão das empresas aéreas, mas defende a existência de uma só empresa brasileira no mercado internacional:
"Nós precisamos ter uma empresa forte competindo contra as estrangeiras, e empresas fortes
competindo dentro do mercado
interno. Essa empresa forte já
existe. É a Varig".
Folha - A tendência internacional em todos os setores é a das
fusões. A aviação brasileira não
vai passar fatalmente por isso?
Fernando Pinto - Nós temos
exemplos disso, como nos EUA,
onde o efeito foi muito ruim para
todas as empresas. A tendência
mundial é realmente de associações, mas não de fusões. E nós já
estamos nessa fase aqui, juntando
forças para ter posição mais forte
e prestar um melhor serviço.
Folha - Qual é a sua opinião
sobre a idéia de criação da Air
Latina?
Fernando Pinto - A Varig não
vê a fusão como solução para a
aviação ou para seus próprios
problemas. Fusão para quê, se a
empresa tem como crescer pelos
seus próprios meios? O que é melhor: empresas fortes ou um grupo de empresas frágeis?
Folha - O mercado comporta
quatro grandes companhias?
Fernando Pinto - É um erro de
avaliação. Só se fala nas quatro
grandes, mas há 19 empresas aéreas no Brasil e existe espaço para
todas. Desde que cada uma se enquadre no seu próprio mercado.
Folha - O sr. não acha que quatro é muito, pelo menos para o
mercado internacional?
Fernando Pinto - O que eu defendo é que, para fora do Brasil,
não seria necessário ter mais de
uma empresa nacional voando.
Mas, dentro do Brasil, nós precisamos de concorrência. O contrário seria negar todos os princípios
de mercado, seria monopólio.
Folha - Como tirar as outras do
mercado?
Fernando Pinto - É uma seleção
natural. Se você não operar com
grande volume, você não tem resultado. Não tem jeito.
Folha - O que a Varig negocia
com o BNDES?
Fernando Pinto - Uma linha de
crédito de R$ 130 milhões para rolar dívidas que temos dentro do
país, mais a rolagem de R$ 70 milhões que nós já tínhamos em debêntures.
Folha - Há quem defenda que
o Brasil não precisa de companhias aéreas.
Fernando Pinto - Nós temos
compromisso com o nosso país,
porque dependemos dele para sobreviver. As estrangeiras estariam
aqui nas vacas gordas e iriam embora nas vacas magras. Teríamos
empresas voláteis.
Folha - O que o sr. acha da proposta de "céu aberto"?
Fernando Pinto - Interessa
muito! Mas aos americanos...
Folha - E a "aviação de cabotagem"?
Fernando Pinto - Nós temos
plenas condições de absorver todo o crescimento latente que houver aqui dentro, com nossos recursos. Essa idéia não pode ser
considerada séria.
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