São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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"Já existe empresa forte, que é a Varig"

da Sucursal de Brasília

O presidente da Varig, Fernando Pinto, é contra a fusão das empresas aéreas, mas defende a existência de uma só empresa brasileira no mercado internacional: "Nós precisamos ter uma empresa forte competindo contra as estrangeiras, e empresas fortes competindo dentro do mercado interno. Essa empresa forte já existe. É a Varig".

Folha - A tendência internacional em todos os setores é a das fusões. A aviação brasileira não vai passar fatalmente por isso?
Fernando Pinto -
Nós temos exemplos disso, como nos EUA, onde o efeito foi muito ruim para todas as empresas. A tendência mundial é realmente de associações, mas não de fusões. E nós já estamos nessa fase aqui, juntando forças para ter posição mais forte e prestar um melhor serviço.

Folha - Qual é a sua opinião sobre a idéia de criação da Air Latina?
Fernando Pinto -
A Varig não vê a fusão como solução para a aviação ou para seus próprios problemas. Fusão para quê, se a empresa tem como crescer pelos seus próprios meios? O que é melhor: empresas fortes ou um grupo de empresas frágeis?

Folha - O mercado comporta quatro grandes companhias?
Fernando Pinto -
É um erro de avaliação. Só se fala nas quatro grandes, mas há 19 empresas aéreas no Brasil e existe espaço para todas. Desde que cada uma se enquadre no seu próprio mercado.

Folha - O sr. não acha que quatro é muito, pelo menos para o mercado internacional?
Fernando Pinto -
O que eu defendo é que, para fora do Brasil, não seria necessário ter mais de uma empresa nacional voando. Mas, dentro do Brasil, nós precisamos de concorrência. O contrário seria negar todos os princípios de mercado, seria monopólio.

Folha - Como tirar as outras do mercado?
Fernando Pinto -
É uma seleção natural. Se você não operar com grande volume, você não tem resultado. Não tem jeito.

Folha - O que a Varig negocia com o BNDES?
Fernando Pinto -
Uma linha de crédito de R$ 130 milhões para rolar dívidas que temos dentro do país, mais a rolagem de R$ 70 milhões que nós já tínhamos em debêntures.

Folha - Há quem defenda que o Brasil não precisa de companhias aéreas.
Fernando Pinto -
Nós temos compromisso com o nosso país, porque dependemos dele para sobreviver. As estrangeiras estariam aqui nas vacas gordas e iriam embora nas vacas magras. Teríamos empresas voláteis.

Folha - O que o sr. acha da proposta de "céu aberto"?
Fernando Pinto -
Interessa muito! Mas aos americanos...

Folha - E a "aviação de cabotagem"?
Fernando Pinto -
Nós temos plenas condições de absorver todo o crescimento latente que houver aqui dentro, com nossos recursos. Essa idéia não pode ser considerada séria.


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