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análise
BC endurece sem o apoio da Fazenda
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central decidiu
partir para o enfrentamento com os grandes
bancos privados. Abandonou os incentivos para que
comprem as carteiras de
crédito dos bancos menores e decidiu penalizá-los
financeiramente. A estratégia é ousada e não foi
consenso no governo.
O prejuízo para quem
preferir deixar dinheiro
depositado no BC na forma de compulsórios pode
chegar a mais de 10%.
A partir de 14 de novembro, a remuneração dos
bancos sobre os depósitos
a prazo, cujo principal instrumento é o CDB, será o
equivalente a 89,56% da
taxa básica de juros Selic.
Até agora, rendiam 100%
da Selic aos bancos.
A idéia é que, ao receber
menos pelos depósitos à
prazo, os bancos vão preferir fazer operações mais
rentáveis como adquirir
carteiras de crédito das
instituições de menor porte que estão sem dinheiro
em caixa para suas operações diárias. É um "desincentivo", segundo a Folha
ouviu de um membro do
governo.
A aposta do BC, no entanto, tem um risco. No limite, os grandes bancos
podem até preferir ficar
com os R$ 28 bilhões que
o governo estima liberar
com essa medida e repassar o custo da punição aos
clientes. Se o sistema financeiro decidir pagar
menos pelos CDBs que
emite e achar compradores para esses títulos, terá
resolvido seu problema.
Pagará menos na captação
junto aos clientes e também receberá menos do
governo.
Politicamente, o BC parece estar no caminho certo. Cumpre o que o presidente Lula vinha pedindo,
já que ele criticou os grandes bancos por não emprestarem o dinheiro liberado pelo governo. Lula
chegou a dizer que o BC
tomaria de volta os recursos que ficassem parados.
Mas o BC se aventurou
em mais um vôo solo. Levou adiante a punição aos
bancos sem respaldo integral da Fazenda. A equipe
do ministro Guido Mantega considerava a punição
uma medida para ser tomada mais adiante, caso
não houvesse avanço.
A circular do Banco
Central reduzindo os ganhos dos bancos já estava
pronta na terça-feira.
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