São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

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Bolsa cai 3,41%, mas escapa do vermelho no mês

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O último dia útil de outubro foi bastante ruim para o mercado financeiro global. Em meio a dados não muito animadores na economia norte-americana, os investidores preferiram se desfazer de ativos de risco, o que abateu as Bolsas de Valores pelo mundo. Na Bovespa, a queda ficou em 3,41%.
Mas, apesar do resultado negativo de ontem, a Bovespa consegui escapar do vermelho no mês -registrou pequena alta de 0,05% no período-, encerrando aos 61.545 pontos.
O resultado do mercado acionário acabou por ser, assim, inferior ao oferecido pelas aplicações que pagam juros no mês. Os fundos DI e renda fixa, que carregam títulos públicos e privados que rendem juros, deram na média pouco mais de 0,70%. O CDB (Certificado de Depósito Bancário) pagou 0,63% no mês. E a poupança, 0,50%.
Já na comparação anual, a Bolsa tem ampla vantagem: com apreciação acumulada de 63,9%, mantém-se muito à frente dos outros tipos de investimento. Em 2009, os fundos de renda fixa já renderam cerca de 8,9%; os CDBs, 8,1%; e a poupança deu 5,8%.
Para o dólar, que ontem subiu 1,5% e alcançou R$ 1,757, o resultado mensal foi de baixa de 0,85% diante do real.
A grande dúvida dos investidores agora é como se comportará o mercado acionário no último bimestre do ano.
Alexandre Lintz, estrategista-chefe para América Latina do banco BNP Paribas, diz que os mercados têm altas muito elevadas acumuladas, o que faz com que sinais econômicos diferentes do esperado "estimulem realizações" -venda de ativos para embolsar ganhos.
Ontem o que incomodou o mercado foram os dados que mostraram retração nos gastos e na confiança do consumidor dos EUA. Se o consumo enfraquece, a recuperação da maior economia do mundo pode acabar sendo mais lenta que o desejado.
O índice Dow Jones, um dos principais de Wall Street, perdeu 2,51% ontem. Na Europa, foi a queda de 3,9% em setembro nas vendas no varejo da Alemanha que decepcionou. A Bolsa de Frankfurt terminou com perdas de 3,09%. Em Londres, houve baixa de 1,81%.

Oscilações intensas
A semana foi marcada por fortes oscilações no mercado acionário. O resultado final para o índice Ibovespa (que reúne as 63 ações brasileiras mais negociadas) foi bem ruim, com depreciação acumulada de 5,40% na semana.
"Entendo que é natural a queda das ações, diante da alta contínua dos preços que vemos desde março", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
A ação ON da Embraer liderou as perdas no pregão de ontem, com recuo de 10,60%.
Na semana, houve 59 baixas entre as 63 ações do Ibovespa. A maior queda no período ficou com VCP ON (-14,52%).
Além da virada do cenário internacional nos últimos dias, a Bolsa brasileira foi prejudicada pela decisão do governo de taxar o capital externo com 2% de IOF. O saldo das operações dos estrangeiros, apesar de ainda estar positivo no último balanço divulgado pela BM&FBovespa, sofreu redução expressiva desde o anúncio da taxação, na noite do dia 19.
O saldo dos negócios realizados com capital externo estava positivo em R$ 5,02 bilhões no dia 19 -a cifra mostra em quanto as compras de ações superaram as vendas. No dia 28, havia recuado para R$ 1,51 bilhão. Como o Ibovespa ainda computa valorização de 119,6% em dólares no ano, os estrangeiros têm gordura para queimar.


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