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Embraer negocia montagem de aviões médios na China
Por falta de demanda, fabricante brasileira teme fechar fábrica na China que funcionava desde 2003 e monta aeronaves menores
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A Embraer está negociando
com a China a montagem de
aviões maiores naquele país. O
objetivo é convencer o governo
chinês a concluir a compra de
45 jatos brasileiros, discutida já
há mais de três anos, além de
garantir a sobrevida da fábrica
que a empresa mantém na cidade chinesa de Harbin.
O acordo seria um dos temas
da reunião bilateral entre Brasil e China que aconteceria em
novembro e que acabou cancelada. O cancelamento adiou os
planos da Embraer de garantir
presença em território chinês.
A empresa espera dar continuidade às negociações no fim do
mês, quando uma autoridade
chinesa deve visitar o Brasil.
A Embraer monta em Harbin, desde 2003, seus jatos
ERJ-145, com capacidade para
50 passageiros. A fábrica surgiu
de uma parceria com a estatal
chinesa Avic II para atender a
encomendas do modelo feitas
por empresas aéreas da China.
Desde 2006, a Embraer não
registra novas vendas do ERJ-145 para a China. A última encomenda, de 50 unidades do jato, foi feita pela empresa Hainan. Neste ano, porém, a Hainan reduziu os pedidos pela
metade -e surgiram rumores
de que a fábrica de Harbin pode
ser fechada em 2011, quando
terminam as entregas.
Para impedir que isso aconteça, a Embraer decidiu oferecer ao governo chinês a montagem no país também dos jatos
da família 190, os maiores produzidos pela empresa, com capacidade para até 122 pessoas.
Seriam montadas na China, a
princípio, as 45 unidades negociadas há três anos com a chinesa KunPeng. A saída permitiria à brasileira manter presença no disputado mercado chinês. Em previsão divulgada em
2008, a Embraer estimou que,
nos próximos 20 anos, a China
demandará 875 jatos entre 30 e
120 assentos, o que equivale a
13% do mercado mundial.
Executivos da Embraer mostram preocupação quanto ao
futuro da fábrica de Harbin.
Em maio, quando o presidente
Lula esteve em Pequim, ele
conversou com o presidente
chinês, Hu Jintao, para tentar
destravar a venda dos 45 aviões
da Embraer à KunPeng, mas
não teve sucesso.
Outro desafio para o produto
da empresa brasileira é que a
China acaba de lançar um jato
de tamanho médio, o primeiro
de uma estatal chinesa sem associação com estrangeiros. O
ARJ-21 tem dois modelos, com
105 e 90 assentos, que concorrem diretamente com as aeronaves da Embraer.
A pesquisa para a produção
do ARJ-21 levou dez anos. Ele
começou a ser fabricado no ano
passado por uma estatal em
Xangai. Já há 210 encomendas
para o avião chinês.
"Para estimular a produção
local, é claro que a China vai dificultar a entrada de modelos
similares médios, o que afeta a
Embraer", disse o especialista
em aviação comercial Lao Xin,
da consultoria KRC.
"Como a China vai levar muito tempo para produzir seus
próprios aviões grandes,
Boeing e Airbus, que já têm fábricas na China, não são afetadas", diz. A Embraer disse que
não comentaria o assunto.
O mercado de aviação chinês
é o que mais cresce no mundo.
Segundo o consultor Lao Xin, a
China irá adquirir mais 3.000
aviões na próxima década.
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