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Argentina ataca embargo do Brasil a perecíveis
Frutas estragam antes de liberação na fronteira do país
DE BUENOS AIRES
O ministro da Economia da
Argentina, Amado Boudou, criticou ontem, em Buenos Aires,
a forma como o Brasil pôs em
prática sua decisão de aplicar, a
partir deste mês, o sistema de
licenças não automáticas a produtos "sensíveis" da pauta exportadora argentina, como trigo, frutas, alho, vinho, azeite e
azeitona.
"Sempre que a Argentina
analisou alguma questão do comércio com o Brasil, trabalhou
com produtos não perecíveis,
para não gerar grave dano a algum segmento da produção",
disse o ministro, em entrevista
a uma rádio.
O embaixador do Brasil na
Argentina, Mauro Vieira, foi
convocado nesta semana pelo
governo Cristina Kirchner, para ouvir reclamação formal sobre o tema.
Em reunião na terça passada,
na chancelaria argentina, Vieira foi informado da preocupação com a eventual perda dos
produtos perecíveis transportados em caminhões que estão
retidos nas fronteiras, aguardando a liberação das licenças
não automáticas, que podem
levar até 60 dias.
Nesse mesmo dia, o Brasil
autorizou a passagem de parte
dos caminhões com produtos
perecíveis estacionados na
fronteira -o que não significa
uma volta atrás na medida protecionista, segundo fontes ligadas ao governo.
A Argentina impõe o sistema
de licenciamento não automático a diversos produtos brasileiros, que totalizam 14% das
exportações ao país vizinho.
Empresários dos setores afetados reclamam que a Argentina
extrapola o prazo aceito pela
OMC para a liberação das licenças e que reduz importações do
Brasil enquanto eleva da China.
A medida brasileira é vista
por boa parte do empresariado
argentino como uma demonstração de fastio do governo Lula e uma consequência da inabilidade do governo argentino
em negociar. Contudo, pedem à
gestão Cristina que aja para reverter rapidamente a situação.
"O improviso e as medidas
desacertadas em política comercial internacional às vezes
voltam como um bumerangue
contra a produção nacional",
disse em nota a CRA (Confederações Rurais Argentinas), que
calcula perdas expressivas para
os produtores de alho, que tem
65% da colheita destinada à exportação ao Brasil.
Com agências internacionais
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