São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentina ataca embargo do Brasil a perecíveis

Frutas estragam antes de liberação na fronteira do país

DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, criticou ontem, em Buenos Aires, a forma como o Brasil pôs em prática sua decisão de aplicar, a partir deste mês, o sistema de licenças não automáticas a produtos "sensíveis" da pauta exportadora argentina, como trigo, frutas, alho, vinho, azeite e azeitona.
"Sempre que a Argentina analisou alguma questão do comércio com o Brasil, trabalhou com produtos não perecíveis, para não gerar grave dano a algum segmento da produção", disse o ministro, em entrevista a uma rádio.
O embaixador do Brasil na Argentina, Mauro Vieira, foi convocado nesta semana pelo governo Cristina Kirchner, para ouvir reclamação formal sobre o tema.
Em reunião na terça passada, na chancelaria argentina, Vieira foi informado da preocupação com a eventual perda dos produtos perecíveis transportados em caminhões que estão retidos nas fronteiras, aguardando a liberação das licenças não automáticas, que podem levar até 60 dias.
Nesse mesmo dia, o Brasil autorizou a passagem de parte dos caminhões com produtos perecíveis estacionados na fronteira -o que não significa uma volta atrás na medida protecionista, segundo fontes ligadas ao governo.
A Argentina impõe o sistema de licenciamento não automático a diversos produtos brasileiros, que totalizam 14% das exportações ao país vizinho. Empresários dos setores afetados reclamam que a Argentina extrapola o prazo aceito pela OMC para a liberação das licenças e que reduz importações do Brasil enquanto eleva da China.
A medida brasileira é vista por boa parte do empresariado argentino como uma demonstração de fastio do governo Lula e uma consequência da inabilidade do governo argentino em negociar. Contudo, pedem à gestão Cristina que aja para reverter rapidamente a situação.
"O improviso e as medidas desacertadas em política comercial internacional às vezes voltam como um bumerangue contra a produção nacional", disse em nota a CRA (Confederações Rurais Argentinas), que calcula perdas expressivas para os produtores de alho, que tem 65% da colheita destinada à exportação ao Brasil.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Aviação: Seguro de avião dá sobrevida à velha Varig
Próximo Texto: Contrabando: Governo deve investir R$ 65 mi em fronteira
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.