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ANO DO DRAGÃO
IPCA deve fechar ano que vem em 9,5% no ano, três pontos percentuais acima do teto da meta acertada
BC sobe previsão de inflação para 2003
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A economia brasileira deve
crescer 2,8% no ano que vem, o
primeiro do mandato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva, segundo estimativa feita pelo Banco Central. Já a inflação,
medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), chegaria a 9,5% nas contas do BC
-três pontos percentuais acima
do teto da meta fixada.
As projeções constam do Relatório de Inflação, documento que,
elaborado pelo BC a cada três meses, analisa o comportamento dos
preços e traça perspectivas para a
economia.
Os números oficiais são um
pouco mais otimistas do que as
projeções do mercado. A expectativa dos bancos é de uma inflação
de 11% e de um crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto) de
1,94%, segundo pesquisa diária
feita pelo BC.
Neste ano, a inflação vai ficar
em 12,4%, de acordo com o BC
-entre janeiro e novembro, a alta acumulada já chegou a 10,2%.
Isso significa que, nos dois anos,
as metas fixadas pelo atual governo não serão cumpridas.
Desde 1999 o governo adota o
sistema de metas para a inflação.
Daquele ano para cá, os objetivos
fixados só foram cumpridos em
1999 e em 2000. A meta deste ano
prevê uma alta de, no máximo,
5,5% para o IPCA. Para 2003, o teto é de 6,5%.
"Não dá para prever números
melhores. Essa é a realidade", afirma o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn. A forte
desvalorização do real é apontada
como um dos responsáveis pela
alta dos preços.
A inflação de 9,5% projetada
para o ano que vem pressupõe
que os juros básicos da economia
serão mantidos nos atuais 25% ao
ano durante todo o ano de 2003.
Outro pressuposto é que a cotação do dólar se estabilize em R$
3,55 de agora em diante.
Num cenário alternativo, o BC
calculou qual seria a inflação de
2003 caso o dólar recuasse para
R$ 3,20 até o final do ano que vem.
Nesse caso, o IPCA registraria
uma alta de 7,3% -ainda acima,
portanto, da meta estipulada pela
atual equipe econômica.
A alta do dólar leva a reajustes
nos preços de produtos importados ou de bens que contenham
componentes produzidos fora do
país. Além disso, a moeda dos
EUA interfere no preço dos combustíveis e nas tarifas públicas.
Grande parte dos contratos de setores como o elétrico e o de telefonia são reajustados pelo IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado), índice mais sensível às variações da taxa de câmbio.
Neste ano, o aumento registrado pelo conjunto de tarifas públicas deve ficar em 15,4%. Isso representa uma elevação de aproximadamente 4,3 pontos percentuais no IPCA de 2002.
Goldfajn diz que o BC poderia
ter feito esforços maiores para
cumprir as metas de inflação, mas
isso significaria juros ainda mais
elevados, que poderia levar o país
a uma recessão. "O BC atua de tal
maneira que os custos para a economia sejam os menores possíveis", afirma o diretor.
Desde outubro, os juros foram
elevados de 18% para 25% ao ano,
na tentativa de conter a alta dos
preços. O crescimento da economia, em 2002, deve ficar em 1,6%,
segundo o BC -no ano passado,
o país cresceu 1,5%.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que, nos últimos meses, já se nota
uma fraca recuperação de alguns
setores da economia. Para Lopes,
a simples manutenção do atual
nível de atividade ao longo de
2003 levará a um crescimento de
2,8% no ano que vem.
Esse resultado deve ser puxado,
nas contas do BC, pelo crescimento de 6% a ser registrado pelo setor agropecuário. O BC espera,
ainda para 2003, um crescimento
de 3,2% para a indústria e de 2,1%
para o setor de serviços.
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