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Profissional julga-se humilhado

Espionados por empregadores movem ação na Justiça para exigir reparação por danos morais

DE SÃO PAULO

Duas palavras são usadas para descrever a sensação de ser investigado pela empresa: temor e humilhação.

Erivaldo Lima, 42, define como revoltante a audiência na Justiça na qual descobriu que havia sido investigado pela Ultragaz, companhia em que trabalhou.

Afastado por problemas de saúde -ele não tem movimento no pulso esquerdo-, foi demitido por justa causa sob a alegação de que tinha outra ocupação. Como prova, a companhia apresentou uma testemunha: um detetive.

Ele afirmou que Lima trabalhava em casa, em um comércio de bujões de gás. "Não moro lá desde 2004", rebate o ex-funcionário, acrescentando que a venda pertence à sua ex-mulher.

Condenada a pagar 20 salários mínimos por danos morais, a Ultragaz deve recorrer.

Douglas Giovanninni, gerente da empresa, diz que a investigação "é única opção nesses casos".

Para Lima, a atitude é uma invasão e um absurdo.

A especialista em comércio exterior Catia Callagher, 41, considera a experiência de sentir-se vigiada aterradora.

Em seu último emprego, diz ter visto a troca de e-mails entre um diretor e seu chefe, que pedia para contratar um investigador. Para Callagher, era dela que falavam.

"Não posso provar que um detetive me seguiu. Mas essa ideia me aterrorizou." Ela trocou de carro com o marido, mudou de telefone e, ao sair, processou a empresa.

O advogado da companhia Ruben Viegas diz que as mensagens eram de natureza familiar. A Justiça considerou impossível relacionar os e-mails à profissional.

O detetive Marco Aurélio de Souza, 46, afirma não considerar o monitoramento ruim para o investigado. "[O funcionário que não fez nada de errado] vai sentir-se até bem, porque a palavra dele foi comprovada", diz.

À ESPREITA

O soldador Paulo Pereira, 42, de Itajaí (a 95 km de Florianópolis), no entanto, diz sentir-se humilhado.

Em janeiro de 2011, foi perseguido por um homem no seu bairro. A polícia descobriu que era um detetive.

O advogado do soldador, Renato Felipe de Souza, conta que, ao ser detido, o investigador disse aos policiais que estava a serviço do estaleiro do qual Pereira estava afastado por doença ocupacional.

Na audiência, o detetive invocou a confidência entre cliente e prestador de serviço para não revelar nomes. O juiz entendeu que o estaleiro era o contratante e deu ganho de causa a Pereira.

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