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Entrevista Henrique S. Malvar

Brasileiro entra para academia de gênios da engenharia

Título é a mais alta distinção que um profissional da área pode receber nos EUA

ISABELLE MOREIRA LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O principal engenheiro do departamento científico da Microsoft é um brasileiro. O carioca Henrique S. Malvar, 55, ou Rico, como é mais conhecido, comanda o laboratório em Redmond, Washington (EUA), que tem mais de 300 pesquisadores e o objetivo de inovar produtos e serviços da companhia.

Malvar está na Microsoft há 15 anos. A carreira profissional e acadêmica inclui doutorado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e o desenvolvimento de tecnologias, como o Windows Media Audio e sistema que permite o uso de vídeos no computador e no telefone.

O mais recente item no currículo de Malvar é um título. Ou melhor, "o" título, o mais alto que um engenheiro pode receber nos Estados Unidos. Ele acaba de tornar-se membro da National Academy of Engineering [Academia Nacional de Engenharia] americana, que reconhece profissionais que trouxeram avanços para a área científica.

Leia abaixo entrevista concedida por telefone.

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Folha - O que muda na sua carreira com o título?

Henrique S. Malvar - Esse reconhecimento não vem sem compromissos. Eu passo a ser o membro da academia que cria estudos para o governo norte-americano sobre o que deve ser feito para melhorar a engenharia. Como vamos resolver o problema da energia nuclear? Como vamos buscar novas formas de energia? Melhorar o sistema de telecomunicações? Posso ser chamado para fazer parte ou até para comandar algum projeto desse tipo.

Como é a sua rotina de trabalho na Microsoft?

Há um ano e meio, fui nomeado cientista-chefe da Microsoft. Coordeno diversos projetos de tecnologia avançada, como inovações no Windows, no Excel e no Office, que você verá em breve e que vão te assustar.

O bacana é que essas tecnologias envolvem muitas áreas diferentes. É uma colaboração mundial. Os nossos grupos estão distribuídos em nove laboratórios. Tem pessoas na China, na Alemanha e até no Egito, e isso traz diversidade de pensamento.

O que mais o orgulha no trabalho que realiza?

O fato de a Microsoft investir em pesquisa e tecnologia avançada me dá condições de fazer coisas que vão afetar a vida de centenas de milhões de pessoas.

Eu trabalhei no projeto do codificador de vídeo mais usado na internet. Quando alguém vê um vídeo no YouTube, no computador, no telefone, até na televisão, a tecnologia que eu ajudei a projetar está sendo usada. Essa contribuição não é só para uma empresa, mas para a humanidade e isso me deixa muito orgulhoso.

Como vê o mercado brasileiro para engenheiros?

Eu não estou aí, mas tenho contato frequente com o pessoal do Brasil. O país está evoluindo muito rapidamente na área da tecnologia, em particular na área de TI e de computação. A rapidez está gerando até um pequeno problema, que é o de as universidades não conseguirem formar profissionais para atender esse crescimento. Há cinco anos, alunos não queriam muito fazer ciência da computação. De repente, as coisas começaram a mudar.

Que conselho o sr. dá para alguém que está no começo da carreira?

A coisa mais fundamental na vida é ser feliz. Então, tem que escutar o coração. Se o seu coração for parecido com o meu, ele vai palpitar com um programa de computador, [ou] ao desmontar eletrônicos. Se você for assim, o que eu digo é: vai fundo. Precisamos de bons profissionais na área de engenharia e de computação, e as oportunidades estão cada vez maiores.

Hoje em dia, você não consegue ter uma vida normal sem alta tecnologia, o que gera uma oportunidade incrível para os estudantes virarem engenheiros e cientistas como eu. E o bacana dessa profissão é que, com as inovações, a gente vai mudando a vida normal das pessoas.

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