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Entrevista Clémence Jouet-Pastré

Harvard comprova sucesso do idioma

Desde 2001, o número de alunos que querem aprender a língua portuguesa aumentou 60%

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CHICAGO

A língua portuguesa é ensinada na Universidade Harvard, uma das mais conceituadas dos EUA, desde 1831. Mas foi na última década que o idioma iniciou sua melhor fase no país.

Desde 2001, o número de alunos interessados em aprender a língua portuguesa aumentou mais de 60%.

Clémence Jouet-Pastré, professora de Harvard e diretora do programa de verão da universidade no Brasil, que traz os alunos norte-americanos para aulas "in loco", diz que o perfil dos estudantes também mudou. Abaixo, trechos da entrevista.

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Folha - Aumentou a procura de estudantes de Harvard pela língua portuguesa? Desde quando?

Clémence Jouet-Pastré- Os primeiros registros de cursos de língua portuguesa em Harvard datam de 1831, um dos programas mais antigos do idioma nos EUA. Nos últimos 12 anos, verificamos que as matrículas nesses cursos aumentaram muito. Nos anos acadêmicos de 2001 e 2002, tivemos 127 alunos e, dez anos depois, o total chegou a 207. Outro indicador interessante é o programa de verão de Harvard no Brasil, que dirijo há nove anos. Em sua primeira edição, tivemos apenas 9 alunos e, na última, 29. É importante lembrar que o crescimento do interesse pela língua não se limita somente à Harvard. Nos últimos cinco anos, três outras universidades de grande prestígio, também situadas na região de Boston, abriram programas de português: o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts), a Universidade Tufts e a Universidade de Boston.

O interesse dos alunos é pelo português brasileiro ou de outros países?

Procuro incentivar os alunos a apreciarem todas as variações da língua portuguesa. Devo confessar, no entanto, que o destino mais almejado é o Brasil.

O que os alunos buscam alcançar com a língua portuguesa?

Encontrar um trabalho melhor, ser promovido e viajar para o Brasil.

Qual o perfil desse aluno?

O perfil tem mudado bastante nos últimos cinco anos. Temos cada vez mais alunos de MBA e da escola de direito. Esse tipo de aluno, quando se matricula nos cursos básicos, geralmente tem contrato para trabalhar no Brasil ou está empenhadíssimo em conseguir um. Quando a presidente Dilma [Rousseff] veio lançar o programa Ciências Sem Fronteiras, vários alunos da graduação me disseram que era preciso tornar a lei brasileira mais flexível, porque muitos querem abrir negócios no país. Mas, obviamente, temos outros tipos de alunos também, como os interessados na cultura brasileira.

Como costuma ser o desenvolvimento dos norte-americanos no português? Qual o nível de dificuldade da língua?

Meus alunos são incrivelmente bons. Sempre digo que são a melhor coisa de Harvard. A maioria torna-se fluente após dois ou três semestres de estudo.

Muitos alunos primeiro estudam o espanhol e depois o português. Isso é comum entre seus estudantes?

A maioria dos meus alunos entra dominando o espanhol, seja por laços de família, seja porque aprendeu na escola secundária. Não vejo uma hierarquia por parte dos alunos do tipo "primeiro o espanhol, depois o resto". Mas a pergunta é pertinente porque aponta uma mudança significativa na demografia do programa. Quando comecei a lecionar em Harvard, no outono de 2002, havia somente seis alunos entre os que não sabiam espanhol. No último ano, ou seja, no outono de 2011, tivemos 34 estudantes com esse perfil.

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