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Idioma é entrave para estrangeiro

Profissionais de fora que chegam ao país conhecendo a língua relatam vantagens na carreira

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CHICAGO

Apesar do aumento do interesse de estrangeiros pelo mercado de trabalho brasileiro ter alavancado o ensino de língua portuguesa no exterior, é justamente o idioma o principal entrave para o sucesso dos que vêm ao Brasil em busca de um emprego.

A opinião é compartilhada por executivos de três empresas internacionais de recrutamento com escritórios no Brasil -Hays, Michael Page e Robert Half. Eles também confirmam o forte aumento da procura de estrangeiros por vagas no mercado brasileiro nos últimos anos.

Por esse motivo, portugueses, espanhóis e latino-americanos acabam levando vantagem na hora de encontrar trabalho no país.

Fábio Saad, da Robert Half, conta que recebe mais de dez currículos por semana, principalmente de profissionais de finanças para vagas com salário mensal entre R$ 15 mil e R$ 50 mil. Segundo ele, a procura cresceu drasticamente com a crise das economias da Europa e dos EUA.

"Há cinco anos, um estrangeiro que queria vir ao Brasil era considerado excêntrico. Hoje, isso mudou, tem muita gente interessada", diz Juliano Ballarotti, gerente da Hays, para quem a vinda de estrangeiros é uma tendência natural e benéfica para o mercado brasileiro.

Segundo ele, a preferência pelo Brasil é econômica e cultural. "Além da imagem econômica bastante positiva, em termos de cultura o Brasil é razoavelmente parecido com a Europa ocidental ou com os EUA. Para o norte-americano, é mais fácil se adaptar por aqui do que em outros Brics (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul)."

São três as categorias de estrangeiros em busca de oportunidades no Brasil: pessoas que simplesmente querem tentar a sorte, estrangeiros casados com brasileiros e que teriam a facilidade do visto, ou expatriados pela própria empresa.

O norte-americano Michael Barin, 29, encaixa-se na terceira categoria. No ano passado, a agência em que trabalhava em Chicago o enviou para uma temporada de três meses na filial paulista.

"Eu tive muita sorte de receber essa oportunidade depois de já ter estudado português na graduação, na Universidade de Chicago. Conhecer a língua me ajudou a me conectar mais diretamente com os colegas que conheci na temporada brasileira."

A primeira dica que Augusto Puliti, diretor-executivo da Michael Page no Brasil, dá a quem quer vir trabalhar no país é saber usar o idioma.

"Por mais que seja mais comum encontrar executivos que falem um bom inglês, ainda não são todos que dominam a língua", diz.

A segunda é ter em mente que as funções de cada cargo no Brasil não são tão claras como nos EUA ou na Europa. "Aqui, temos que ser mais flexíveis. E eu não estou falando de jeitinho brasileiro, não, e sim de ser 'pau para toda obra'. É preciso que eles entendam a cultura brasileira para se adaptar ao modo como fazemos negócios aqui."

Para Saad, uma porta para o mercado pode ser cursar um MBA. "O relacionamento com colegas pode ajudar na colocação do candidato e ser um caminho mais eficiente do que via consultoria ou 'headhunter'", afirma.

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