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Orientação de carreira está em alta

Especialistas chamam esse mercado de 'pós-escolha' e defendem questionamento contínuo

DE SÃO PAULO

"Orientação profissional" é uma expressão e um conceito caindo em desuso.

Especialistas preferem o termo "orientação de carreira" e defendem a continuidade da prática ao longo da vida profissional.

É uma mudança de espectro, diz a presidente da Associação Brasileira de Orientação Profissional, Maria da Conceição.

"Até o fim dos anos 1990, orientação profissional era sinônimo de garotos de terceiro ano do ensino médio que escolhiam curso superior", diz ela.

Hoje, as possibilidades de intervenção acontecem quando surge uma questão com o trabalho ou crise em relação às decisões profissionais.

Conceição chama esse mercado de "pós-escolha".

Entre universitários que estão descontentes com o curso, a procura pelo serviço tem aumentado.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi criado um núcleo há quatro anos. A coordenadora Maria Célia Pacheco Lassance estima que passaram por lá cerca de mil estudantes.

FALAR EM PÚBLICO

Lassance considera que esse número é alto, e parte dele se explica porque muitos estudantes fazem uma combinação simplista entre uma característica pessoal e uma profissão (veja os erros mais comuns na pág. 4).

"Se ele não consegue falar em público, conclui que não pode cursar direito porque imagina que terá de se apresentar em júri", exemplifica.

A professora também afirma que, mais tarde, as escolhas podem provocar arrependimento por conta das transformações pessoais -o indivíduo "amadurece" e muda a percepção sobre a carreira e sobre o curso.

Para quem já se graduou, essa reflexão "é mais difícil, dá medo e também uma sensação de incompetência", afirma Conceição.

O orientador precisa intervir para esclarecer se é o caso de uma mudança de carreira, se é um problema da empresa em que o profissional está ou do mercado e, a partir do diagnóstico, traçar um plano de ação. "Um bom orientador tem de ser um bom diagnosticador e ajudar a pessoa a entender o que está acontecendo", diz.

SOFRIMENTO

O engenheiro de produção Rafael Tavares Luz, 25, passou pela orientação de carreira pela primeira vez quando teve de optar por um curso no vestibular.

"A escolha não era algo que passava pela minha cabeça de uma forma organizada. Eu não conseguia chegar a uma conclusão. E sofri do mesmo mal depois de me formar. É ruim detectar isso, mas foi o caso", confessa.

Após a conclusão do curso, ele foi trabalhar com finanças. Em dois meses, ele se deu conta de que não era o que queria e resolveu procurar, novamente, a orientação de carreira.

Depois das seções "que funcionam como uma psicanálise com foco em questões profissionais", ele decidiu que queria trabalhar com logística, o que faz desde 2010. "É uma grande satisfação trabalhar com o que eu gosto", afirma o engenheiro.

(FG)

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