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Trilha para o mercado

Matrículas em graduações de curta duração explodem, e instituições dizem que empregabilidade passa dos 90%

VERENA FORNETTI
EDITORA-ADJUNTA DE EMPREGOS E NEGÓCIOS

O número de inscritos nos cursos tecnológicos passou de 69,8 mil em 2001 para 781,6 mil em 2010. Com a expansão das graduações de curta duração e a gradual avaliação dos cursos no Enade, coordenadores e estudantes relatam que as empresas ficaram mais abertas para contratar os tecnólogos.

Angelo Cortelazzo, responsável pela área de ensino superior do Centro Paula Souza, que administra as 55 Fatecs paulistas, afirma que o avanço das graduações tecnológicas é resultado de políticas públicas que estimularam a criação de centros educacionais e da demanda do mercado pelos profissionais.

Segundo a Fatec, 92% dos formados estão empregados e 55% recebem entre 3 e 8 salários mínimos ao mês. O rendimento mensal de um profissional com nível técnico é de 1 a 3 mínimos, em média.

Cortelazzo diz que é comum que um aluno saia do ensino médio técnico e vá direto para a graduação tecnológica. Então, continuará a aprender sobre áreas específicas, mas será treinado para criar técnicas inéditas.

"Meu curso é mais focado no mercado que um bacharelado. Como era técnico em informática e queria continuar a carreira, achei o tecnológico a melhor opção", conta Guilherme Leite, 23, formado em análise e desenvolvimento de sistemas. Ele conseguiu o primeiro estágio dois meses após começar a graduação.

O coordenador dos cursos superiores da Fatec ressalta que o aluno que opta pela graduação de curta duração, geralmente, tem perfil batalhador: 80% vêm da escola pública e muitos trabalham e estudam ao mesmo tempo.

Por outro lado, a melhora salarial que os alunos obtêm quando conseguem emprego durante o curso pode estimular a evasão, teoriza Cortelazzo. "Quando um estudante que ganhava R$ 600 passa a receber R$ 1.500, acha que conquistou o mundo. Mas ele não vai receber muito mais se não terminar a graduação."

MENOS PRECONCEITO

Rogerio Cardoso dos Santos, coordenador do curso de tecnologia em jogos digitais da PUC-SP, diz que há desconhecimento sobre os cursos tecnológicos. "Tenho que explicar que é um curso superior para um monte de pais." Ele ressalva que na carreira de jogos a falta de familiaridade com a área também provoca o questionamento.

Mariana Ferraci Martone, 19, aluna do curso na PUC, trocou o bacharelado em psicologia pelo tecnológico. No início, diz ter ficado apreensiva sobre o futuro.

"É um curso novo, e eu tinha medo de que desse errado." Martone relata que se tranquilizou quando o coordenador lhe explicou que, depois de fazer o tecnológico, poderia entrar em uma pós-graduação imediatamente.

"Esses cursos não são melhores nem piores. São diferentes porque são específicos", afirma o consultor Fabiano Caxito.

Ele defende que o preconceito contra egressos dessas graduações diminuiu. Pesquisa de Caxito com 300 empresas, em 2007, diagnosticou que recrutadores preteriam graduados nesse tipo de curso. A pesquisa foi repetida em 2010, com 120 companhias, e a aceitação no mercado avançou.

Em concursos públicos, esses profissionais ainda podem enfrentar preconceito. Há estatais já barraram a participação de tecnólogos.

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