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Caça-talentos

Companhias se aproximam das instituições de ensino para moldar candidatos e atrair os melhores

Lucas Lima/Folhapress
Stevan Tomic foi "fisgado" pela Votorantim após evento na faculdade
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FELIPE MAIA
DE SÃO PAULO

Pode parecer estranho que grandes empresas, incluindo multinacionais, precisem fazer esforço para estimular jovens estudantes a terem vontade de trabalhar nesses lugares. Mas, na prática, é isso que está acontecendo.

As companhias estão adotando estratégias que vão além das tradicionais feiras de recrutamento ou anúncios em painéis de vagas para fazer com que os jovens as vejam como lugar ideal para o desenvolvimento da carreira.

Entre os meios mais utilizados para fixar a marca na cabeça dos estudantes estão os chamados "working days", em que a companhia convida os alunos a passar um dia na empresa, em palestras e em atividades com executivos, e também estudos de caso -as companhias pedem que alunos proponham soluções para problemas reais.

Liliane Kafler, diretora-adjunta do departamento de carreiras da Universidade Anhembi Morumbi, diz que essas ações têm se intensificado nos últimos dois anos.

"Semanalmente, tenho de cinco a oito empresas interessadas em fazer palestras para divulgar vagas. Antes, só uma ou outra aparecia."

"A gente quer gerar uma postura de encantamento. [O objetivo é] que eles pensem: 'Eu quero trabalhar nesse lugar'", diz Marcele Correia, superintendente de atração e seleção do Itaú Unibanco.

Neste ano, a empresa criou um programa de palestras chamado Itaú Portas Abertas, em que universitários têm, durante três dias, painéis e análises de caso sobre o trabalho no banco, que também disponibiliza seus profissionais para aulas especiais em universidades.

A ideia é fazer com que as pessoas de diferentes formações, não necessariamente da área financeira, entendam como podem atuar no grupo.

Correia diz que, apesar de a última edição do processo seletivo da empresa da companhia para trainee ter recebido mais 31 mil inscritos para 87 vagas, esse trabalho é necessário porque os melhores candidatos acabam passando em diferentes seleções, e têm o poder de escolha.

A engenheira de produção Mônica Meneguim, 24, é exemplo disso. Ela foi aprovada em quatro processos seletivos para trainee. Acabou optando por trabalhar na empresa de meios de pagamento Cielo. "Eu senti que eu que escolhi a empresa", diz.

A companhia adotou a estratégia de fazer com que os atuais trainees da companhia atuem como "embaixadores" nas faculdades em que estudaram. De modo informal, eles atuam em empresas juniores e centrais de estágio para detectar oportunidades de divulgar a empresa junto aos alunos.

"Existem outras empresas muito boas, às vezes multinacionais, que vão disputar essa gente talentosa. Fazemos um trabalho de indicar para a garotada que aqui eles podem ter uma oportunidade de carreira", diz Roberto Dumani, vice-presidente da Cielo.

Ana Luisa Pliopas, coordenadora de estágios e colocação profissional da Escola de Administração de Empresas da FGV, diz que há uma "guerra" por talentos na universidade. "Você tem uma oferta maior de vagas e, ao mesmo tempo, uma geração mais exigente, o que torna mais difícil o trabalho de atrair e engajar o futuro profissional."

ESCOLHA EMBASADA

Empresas também intensificam o relacionamento com as universidades para "refinar" o perfil dos candidatos. A meta é que alunos concorram a vagas em empresas com que se identifiquem.

Thiago Abdalla, 23, chegou à fase final de dez processos seletivos até ser chamado pelo Itaú, e desistiu dos outros concursos. "Para mim, o que pesou mais na hora da escolha foi a cultura da empresa", afirma o trainee.

"A primeira coisa que eu olhei foi o perfil das pessoas que eu vi trabalhando lá, aí eu percebi que era algo alinhado ao meu perfil."

Para Fabiana Zurita, da empresa de recrutamento Cia Talentos, a troca prévia de informações beneficia os candidatos e as companhias. "O jovem já entra sabendo quais são os valores da empresa."

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