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Regras internacionais são barreira para contabilidade

Dois anos depois de adotadas, normas ainda geram dúvida em profissionais

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

As regras não são tão novas -valem no Brasil desde o começo de 2010-, mas os contabilistas ainda enfrentam dificuldades para entender e aplicar o IFRS (International Financial Reporting Standards), normas internacionais de contabilidade, segundo profissionais e professores ouvidos pela Folha.
Hoje, no balanço da empresa, por exemplo, não basta deduzir a depreciação do valor de aquisição de um imóvel comercial. Os cálculos devem incluir a utilidade do bem para a companhia.
A dificuldade é tanta que os detalhes operacionais da norma não são exigidos no exame de suficiência da categoria, aplicado pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade). A aprovação é necessária para quem deseja trabalhar como contabilista.
Roberta Carvalho de Alencar, da comissão operacional do teste, explica que não são pedidas minúcias técnicas porque são avaliados "profissionais que, talvez, não tenham tido aulas na graduação sobre as novas normas".
Para o professor Márcio Borinelli, da USP (Universidade de São Paulo), a transição de regras tem provocado mudanças nos currículos de cursos superiores no país.
O percentual de aprovados no exame passou de 30,9% em março deste ano para 54,2% em setembro.
Juarez Domingues Carneiro, 52, presidente do CFC, diz que o aumento está relacionado ao reforço da grade curricular nas universidades. "As instituições acordaram."
"As questões são atuais porque a área vive muitas mudanças", afirma Carneiro.

NA PRÁTICA
Na avaliação de Marcelo Lico, que participa da seleção de candidatos na empresa em que trabalha como diretor, a Macro Auditoria e Consultoria, "a maioria dos contadores está desatualizada" em relação às normas do IFRS.
Aprovada no último exame, Zibia da Silva, 30, teve contato com as regras na pós-graduação. Ela entende os procedimentos, diz; mas não consegue fazer os cálculos para "colocá-los em prática".
Entre os que passaram no teste, há quem diga que a prova cobra questões que não aparecem no cotidiano.
O contador Herbert de Jesus Barbosa, 32, que fez o exame para renovar a permissão de atuação na área, opina: "[Para a prova,] tem que saber algumas teorias que, geralmente, não são usadas".

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